Arrastar os pés ao caminhar pode ser sinal de Parkinson?

Postado em: 09/11/2021

A doença de Parkinson vem crescendo de forma expressiva em todo mundo, e estudos apontam que o número de pessoas com esse diagnóstico é em torno de 600 mil no Brasil.

Por isso, é fundamental a discussão sobre a doença e saber reconhecer seus sintomas. 

Sabemos que os sintomas do Parkinson são muito variáveis de pessoa a pessoa, e arrastar os pés (alteração da marcha) pode ser um deles. Vamos discutir aqui brevemente essa alteração.

O que é a doença de Parkinson?

A doença de Parkinson é um distúrbio neurológico do movimento. Trata-se de uma doença causada pela redução dos neurónios produtores do neurotransmissor dopamina no cérebro.

A dopamina é um neurotransmissor responsável pela transmissão da informação do nosso cérebro para os membros superiores e inferiores. A sua redução na doença de Parkinson leva a dificuldade nos movimentos realizados.

Usualmente, o grupo de risco são pessoas acima dos 60 anos, mas é cada vez mais comum entre jovens, incluindo pessoas com menos de 40 anos.

Entre os sintomas mais frequentes está o tremor durante o repouso,a lentidão dos movimentos, dificuldade em escrever (a letra fica pequena), em assinar, em levantar da cadeira (em especial cadeiras baixas). A fala pode ficar mais baixa também. 

Afinal, arrastar os pés ao caminhar também pode ser sinal de Parkinson?

Sem dúvida. 

O que sabemos é que a dopamina participa dos nossos movimentos automáticos, que são movimentos que fazemos sem pensar.

Exemplo: quando andamos, não falamos assim: “deixar agora eu dar um passo com a perna direita, agora com a esquerda, com a direita, com a esquerda…”. Simplesmente andamos. Sem pensar. Isso ocorre com nosso piscar dos olhos, quando gesticulamos, quando cruzamos os braços, etc…

Muitos movimentos nossos são automáticos. E isso é fundamental para nosso sistema motor. 

A marcha, o andar, é o principal movimento automático nosso.

Portanto, como a dopamina é o maestro do movimento automático, com a sua queda, perdemos um pouco esse automatismo. Resultado: a marcha de quem tem Parkinson fica mais lenta, e, principalmente, o pé arrasta mais.

Em outras palavras: quando andamos, dobramos o joelho para impulsionar a perna pra frente. Na doença de Parkinson, dobra-se menos o joelho, e portanto o pé levanta menos. Se o pé levanta menos, ele arrasta mais no chão. 

Pode ser notado inclusive desgaste irregular das solas de calçados, já que geralmente a doença é assimétrica: um lado do corpo é mais lento que o outro.

Esse sintoma pode ocorrer logo no início da doença.

É importante reconhecermos pois quem arrasta os pés pode ter maior chance de tropeço e quedas. E claro, o tratamento adequado melhora muito esse sintoma.

Tratamos com otimização das medicações dopaminérgicas e com fisioterapia.

Outros sintomas iniciais da doença de Parkinson

Além de ficar com a marcha mais lenta, arrastar mais os pés e balançar menos o braço quando anda, a pessoa com Parkinson pode ter outros sintomas iniciais, como:

Observar pequenas alterações e sinais diferentes do organismo é sempre fundamental para realização de um diagnóstico precoce. 

Claro que arrastar os pés não quer dizer que a pessoa tem Parkinson. Outras condições, em especial alterações ortopédicas, dores, podem levar a sintomas semelhantes. O diagnóstico de Parkinson é feito com o conjunto de sintomas devidamente avaliados pelo neurologista.

O diagnóstico precoce favorece o tratamento adequado, a melhora dos sintomas e dos hábitos de vida da pessoa.

Artigo escrito pelo Dr. Rubens Gisbert Cury

Médico Neurologista especialista em doença de Parkinson, Tremor Essencial, Distonia, e Estimulação Cerebral Profunda (DBS, deep brain stimulation). Doutorado em Neurologia pela Universidade de São Paulo e Pós-doutorado em Neurologia pela Universidade de São Paulo e Universidade de Grenoble, na França.

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INFORMAÇÕES DO AUTOR:

Dr. Rubens Cury Neurologista especialista em doença de Parkinson e Tremores

Médico Neurologista especialista em doença de Parkinson, Tremor Essencial, Distonia, e Estimulação Cerebral Profunda (DBS, deep brain stimulation). Possui doutorado em Neurologia pela USP, pós-doutorado em Neurologia pela USP e Universidade de Grenoble, na França, e é Professor Livre-Docente pela USP.
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