A dor na doença de Parkinson

Você sabia que a dor pode acometer 70% das pessoas com Parkinson?

Além disso, ela tem impacto direto na sua qualidade de vida.

Aqui vamos discutir as principais características desse sintoma debilitante e como tratá-lo.

De forma resumida, a doença de Parkinson é caracterizada por uma perda progressiva de neurônios produtores de dopamina em uma região cerebral chamada substância negra. Três sinais centrais constituem o chamado parkinsonismo: tremor, lentidão dos movimentos ou bradicinesia, e rigidez. 

Além dos sinais centrais da doença de Parkinson, várias outras alterações motoras podem se desenvolver nos pacientes, como alteração da fala (o volume fica mais baixo), alteração do equilíbrio e redução da escrita (que chamamos de micrografia). 

Assim, além dos sintomas motores, o conhecimento de sintomas não-motores associados à doença de Parkinson como alterações cognitivas, psiquiátricas, autonômicas e alterações da sensibilidade e dor tem crescido exponencialmente nos últimos anos; a presença de alguns pode, inclusive, vir antes dos sintomas motores e muitas vezes são responsáveis por um importante prejuízo na funcionalidade dos pacientes.                    

Na doença de Parkinson, alguns sintomas podem aparecer meses e anos antes dos sintomas motores. Por exemplo, depressão, intestino preso, alteração do olfato e dor muscular podem aparecer anos antes de o paciente ser diagnosticado com Parkinson. 

Quais as características da dor na doença de Parkinson?

Diversos estudos epidemiológicos demonstraram que a dor afeta entre 40 a 85% dos pacientes com doença de Parkinson.

Em um estudo realizado pelo nosso grupo no Hospital das Clínicas, 70% dos pacientes apresentavam dor. 

A dor no geral afeta o lado mais comprometido pela doença!  Por exemplo:  em pacientes cujo tremor e rigidez são presentes no lado direito do corpo, a dor costuma afetar o ombro, ou a perna desse mesmo lado!

A dor no geral tem aspecto de dor muscular, em peso, e pode flutuar ao longo do dia: em momentos que o paciente está bem do Parkinson a dor melhora; em momentos que ele está mais travado a dor piora.

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A dor afeta até 70% dos pacientes com doença de Parkinson conforme demonstrado em um estudo realizado no Hospital das Clínicas pelo nosso grupo de pesquisa. Ela pode aparecer nas fases iniciais ou mais avançadas da doença. Ela muitas vezes tem caráter flutuante: melhora ou piora a depender dos sintomas de rigidez e lentidão do paciente.

Quais os locais mais acometidos pela dor na doença de Parkinson?

Teoricamente ela pode afetar qualquer local do corpo, mas as regiões mais acometidas são a região lombar, seguida dos membros superiores (em especial o ombro), e pernas. 

Além disso, ela muitas vezes pode também afetar a região do pescoço, principalmente a parte de trás. Em alguns pacientes ela aparece no período da manhã, logo ao acordar, pois muitas vezes esse é o pior momento da doença, já que os remédios foram tomados na noite anterior. 

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Como tratar a dor no Parkinson?

Antes de mais nada devemos reconhecer que a dor está relacionada à doença de Parkinson. Ou seja, há diversas dores que podem não ter qualquer relação com a doença, como dor de cabeça em alguns casos.

Uma vez definida que ela é relacionada, no geral tentamos otimizar/ melhorar as medicações do próprio Parkinson. 

Sim, melhorando os remédios do Parkinson muitas vezes a dor desaparece ou reduz muito sua intensidade. Nossa prática mostra que o ajuste da Levodopa (Prolopa), agonistas dopaminérgicos (Pramipexol e Rotigotina, ou Neupro), a Rasagilina (Azilect) e a Safinamida (Xadago) podem aliviar a dor no Parkinson.

Entre outras medidas temos:

  • Reabilitação motora com fisioterapia da marcha, postura e analgésica. Sabemos que alongamento muscular podem auxiliar em dores musculares relacionadas à doença de Parkinson.
  • Ajuste postural. Muitas dores na doença de Parkinson resultam da postura inadequada da pessoa.
  • Atividade física aeróbica. Lembre-se: caminhar, andar de bicicleta, natação, entre outros exercícios físicos são essenciais ao portador de Parkinson e auxiliam no manejo da dor.
  • Acupuntura. Pode ser muito útil em dores lombares e chamadas miofaciais, onde a musculatura que gera a dor por estar muito contraída.
  • Medicações como anti-inflamatórios, analgésicos, ou mesmo antidepressivos as vezes são indicados.
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Nesse vídeo, explico quando a doença de Parkinson pode causar dor e como tratá-la.

Não deixe de assistir!

A mensagem é: a dor é presente em muitos pacientes com Parkinson e pode impactar a qualidade de vida; o reconhecimento é fundamental para o tratamento. Há medidas medicamentosas e não-medicamentosas (mudanças do estilo de vida) que podem auxiliar muito a pessoa. Discuta o seu caso com seu neurologista e fisioterapeuta.

Fonte

Effects of deep brain stimulation on pain and other nonmotor symptoms in Parkinson disease. Cury RG et al. Neurology.

Artigo escrito pelo Dr. Rubens Gisbert Cury

Médico Neurologista especialista em doença de Parkinson, Tremor Essencial, Distonia, e Estimulação Cerebral Profunda (DBS, deep brain stimulation).

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