Produto químico comum é associado a maior risco de Parkinson

Postado em: 12/04/2023

Um Produto Químico comum e amplamente utilizado pode estar associado a um aumento no número de casos da doença de Parkinson no mundo, garante um grupo de cientistas internacionais em um novo estudo. O tricloroetileno (TCE) é um solvente usado para descafeinar café, desengordurar metais e lavar roupas a seco.

Ele é aplicado em diversas indústrias de consumo, militares e médicas, inclusive para corretivos escolares, remover tinta, limpar motores e anestesiar pacientes. Estudos anteriores associaram a substância a abortos espontâneos e doenças cardíacas congênitas. A pesquisa recém-lançada e publicada no Journal of Parkinson’s Disease vai além e diz que a exposição ao TCE pode aumentar em até 500% a chance de desenvolvimento da doença que causa tremores, rigidez muscular, lentidão nos movimentos e problemas de equilíbrio e coordenação pela perda de células nervosas no cérebro, que produzem um neurotransmissor chamado dopamina

A conexão entre TCE e Parkinson foi sugerida pela primeira vez em estudos de caso há mais de 50 anos. Nos anos seguintes, pesquisas em camundongos e ratos mostraram que o tricloroetileno entra prontamente no cérebro e nos tecidos do corpo e, em altas doses, danifica as partes produtoras de energia das células conhecidas como mitocôndrias.

Em estudos com animais, o TCE causou perda seletiva de células nervosas produtoras de dopamina, uma característica do Parkinson em humanos.

Efeitos da exposição

Outros efeitos devido à exposição do tricloroetileno são: cefaleia, tontura e sonolência. Em grandes quantidades, pode levar ao coma e até mesmo à morte. A inalação de altos níveis de TCE pode ocasionar danos aos nervos da face, afetar a audição, visão, equilíbrio, alterações no ritmo cardíaco, hepatotoxicidade e dano renal.

A exposição prolongada pode causar esclerodermia (doença sistêmica autoimune) e problemas reprodutivos. A exposição crônica ao TCE está relacionada também  ao aumento do risco de câncer de rim, fígado, linfoma não-Hodgkin, câncer cervical e múltiplos mielomas.

Indivíduos que trabalharam diretamente com tricloroetileno têm risco elevado de desenvolver Parkinson. Ou seja, profissionais da indústria de transformação de tecidos para limpar algodão, lã e outros tecidos; em operações de limpeza a seco; fabricantes de adesivos, lubrificantes, tintas, vernizes, pesticidas e limpadores de metais frios.

Os autores advertem que mais de milhões encontram o produto químico sem saber através do ar externo, águas subterrâneas contaminadas e poluição do ar interno.

O produto químico pode evaporar facilmente e entrar nas casas, escolas e locais de trabalho das pessoas, muitas vezes sem ser detectado.

Como enfrentar o problema?

Os pesquisadores prescrevem uma série de ações para enfrentar a ameaça à saúde pública representada pelo tricloroetileno. Entre as ações, eles defendem que sejam realizadas mais pesquisas para entender melhor como o TCE contribui para a doença de Parkinson e outras enfermidades.

Os níveis de TCE nas águas subterrâneas, na água potável, no solo e no ar externo e interno exigem um monitoramento mais próximo e essas informações precisam ser compartilhadas com aqueles que vivem e trabalham perto de locais poluídos.

Além disso, os cientistas pedem também o fim definitivo do uso desses produtos químicos nos EUA. Dois estados, Minnesota e Nova York, proibiram o TCE, mas o governo federal não, apesar das descobertas de que os produtos químicos representam “um risco para a saúde humana”.

Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), medidas mais simples para evitar o contágio podem ser seguidas, como não respirar os vapores, utilizar somente em zonas bem ventiladas, evitar o contato com a pele e os olhos.

Evitar o contato com chamas desprotegidas e superfícies quentes, dado que pode se formar produtos tóxicos e corrosivos (ácido clorídrico) da decomposição e utilizar os equipamentos de proteção individual (EPI) para evitar contaminação com o produto.

Como neurologista especialista em Parkinson e cirurgia de DBS, o Dr. Rubens Cury está comprometido em fornecer informações atualizadas e tratamento personalizado sobre a doença. Agende sua consulta!

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INFORMAÇÕES DO AUTOR:

Dr. Rubens Cury Neurologista especialista em doença de Parkinson e Tremores

Médico Neurologista especialista em doença de Parkinson, Tremor Essencial, Distonia, e Estimulação Cerebral Profunda (DBS, deep brain stimulation). Possui doutorado em Neurologia pela USP, pós-doutorado em Neurologia pela USP e Universidade de Grenoble, na França, e é Professor Livre-Docente pela USP.
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Dr. Rubens Cury Neurologista
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