Sensor pode detectar Parkinson inicial através de análise do sangue
Postado em: 26/04/2023
Pesquisadores brasileiros, vinculados às universidades Estadual de Campinas (Unicamp) e Federal de São Carlos (UFSCar), desenvolveram um sensor eletroquímico que detecta uma forma de doença de Parkinson em diferentes estágios. Produzido em impressora 3D, o dispositivo pode antecipar o diagnóstico, permitindo o tratamento precoce, e ainda funciona como modelo para a identificação de outras doenças, de acordo com artigo publicado na revista Sensors and Actuators B: Chemical.
O sensor indica rapidamente a concentração da proteína PARK7/DJ-1 no plasma sanguíneo humano e em fluido cerebrospinal sintético. A molécula está relacionada ao Parkinson em níveis abaixo de 40 microgramas por litro [40 μg/L].
Esse dispositivo é simples e pode ser fabricado em diversos tamanhos, inclusive miniatura, o que o torna portátil e requer uma pequena quantidade de amostra. Ele pode ser usado para monitorar a doença ao longo do tempo e alertar médicos e pacientes em caso de alterações nos níveis da proteína PARK7/DJ-1.
Para construir o sensor, os pesquisadores utilizaram um filamento comercial composto basicamente por ácido polilático, um polímero biodegradável, associado ao grafeno, um material condutor e outros aditivos. Três eletrodos foram impressos em plástico com tecnologia 3D e passaram por um tratamento químico que os tornou ainda mais condutores e estimulou em suas superfícies a formação de grupos funcionais (carboxílicos), que se ligam com anticorpos.
É muito difícil um paciente ir a uma consulta médica em busca de um exame de rotina para detectar Parkinson em estágio inicial. Quando há suspeita, provavelmente sintomas físicos e comportamentais já se manifestaram e a doença já está bem estabelecida.
Por este motivo, a ideia dos pesquisadores foi construir um dispositivo muito simples e barato que permitisse o monitoramento ao longo do tempo e acendesse um alerta para médicos e pacientes no caso de alterações.
Segundo os autores, a plataforma abre portas para o diagnóstico de outras doenças. No caso da proteína PARK7/DJ-1, especificamente, além de problemas neurológicos, há relação com diabetes tipo 2, infertilidade e alguns tipos de câncer. Mas o objetivo é expandir o uso para outros biomarcadores.
O novo dispositivo é uma importante inovação para a área da saúde, pois permite um diagnóstico mais rápido e eficiente, o que pode melhorar a qualidade de vida dos pacientes com a doença de Parkinson e outras condições relacionadas.
Vale ressaltar que esse método ainda não foi aprovado e não é utilizado na prática médica.
Parkinson
Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) mostram que aproximadamente 1% da população mundial com idade superior a 65 anos tem a doença de Parkinson. No Brasil, estima-se que 200 mil pessoas sofram com o problema.
Ela é uma doença neurológica que afeta os movimentos do paciente. Causa tremores, lentidão de movimentos, rigidez muscular, desequilíbrio, bem como alterações na fala e na escrita. A doença de Parkinson ocorre por causa da degeneração das células situadas numa região do cérebro chamada substância negra e destrói ou desativa as células que produzem dopamina, uma substância química que ajuda a regular o movimento e as respostas emocionais.
O diagnóstico é feito pela avaliação clínica: o médico avalia os movimentos e os sintomas descritos pelo paciente e familiares. O especialista mais indicado para isso é o neurologista.
Se os sintomas de um paciente melhorarem após tomar a medicação para a doença de Parkinson, o diagnóstico provavelmente está correto. Exames complementares costumam ser solicitados para descartar outras doenças e causas para os sintomas.
Em alguns casos, o médico solicita uma tomografia computadorizada para quantificação de dopamina cerebral, mas, na maioria das vezes, o quadro clínico e evolutivo característico da doença já é suficiente para o diagnóstico.
O Parkinson é uma doença desafiadora, mas com avanços como este, damos um passo para o diagnóstico precoce e controle dos sinais iniciais da enfermidade.
Se você se identificou com os sintomas, entre em contato e agende uma consulta com o Dr. Rubens Cury, especialista em Parkinson e cirurgia DBS há mais de 10 anos!
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INFORMAÇÕES DO AUTOR:
Dr. Rubens Cury Neurologista especialista em doença de Parkinson e TremoresMédico Neurologista especialista em doença de Parkinson, Tremor Essencial, Distonia, e Estimulação Cerebral Profunda (DBS, deep brain stimulation). Possui doutorado em Neurologia pela USP, pós-doutorado em Neurologia pela USP e Universidade de Grenoble, na França, e é Professor Livre-Docente pela USP.
Registro CRM-SP 131445