Os antioxidantes do vinho tinto e algumas frutas podem amenizar a doença de Parkinson, sugere um novo estudo

Postado em: 16/03/2022

Os flavonoides são moléculas presentes naturalmente em uma variedade de frutas, vegetais e bebidas (por exemplo, chá e vinho tinto). Após a sua ingestão, os seus metabólitos podem entrar no cérebro, onde reduzem o estresse oxidativo, a inflamação e a aterosclerose.

Quais são os principais alimentos contendo flavonoides?

Bons exemplos de alimentos ricos em flavonoides são:

  • uva, morango, maçã, mirtilo, romã, cereja, ameixa, framboesa, jabuticaba;
  • frutas cítricas, como limão, laranja, tangerina;
  • brócolis, espinafre, couve, alho, cebola;
  • nozes, soja, linhaça, feijão;
  • vinho tinto, chás (chá verde e preto), chocolate (cacau).
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Um estudo publicado na Neurology em 2012 já havia mostrado que o consumo de flavonoides estava associado a uma menor chance de a pessoa desenvolver doença de Parkinson.

Um novo estudo, também publicado na Neurology, e realizado nos Estados Unidos, mostrou que o consumo de flavonoides está associado a uma menor mortalidade em quem já tem a doença de Parkinson.

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No total, 1.251 pessoas com Parkinson foram incluídas e seguidas por uma média de 33 anos. Informações sobre as dietas dessas pessoas foram coletadas a cada dois ou quatro anos, começando em 1975 para as mulheres e em 1986 para os homens.

Na época em que esse novo estudo foi realizado, 599 mulheres e 652 homens tinham sido diagnosticados com a doença de Parkinson. A partir dos alimentos que essas mulheres e homens relataram consumir, foi possível então calcular a ingestão de flavonóides.

Resultados

Antes de ter o diagnóstico de Parkinson, um consumo maior de flavonoides foi associado a uma menor mortalidade após o desenvolvimento da doença. Exemplo: o consumo de frutas vermelhas e vinho tinto pelo menos 3 vezes por semana esteve associado a uma menor mortalidade quando comparado ao consumo < 1 vez ao mês.

Após ter o diagnóstico de Parkinson, o consumo global de flavonoides também esteve associado a menor mortalidade. Ou seja, nas pessoas com Parkinson em que havia um hábito semanal do consumo de flavonoides a mortalidade foi menor.

Conclusão dos autores: 

“Neste estudo de prospectivo, descobrimos, pela primeira vez, que os indivíduos com Parkinson que habitualmente consumiam mais flavonóides (pelo menos 3 vezes por semana) tinham menor risco de mortalidade por todas as causas, em relação àqueles com menor ingestão. Consistentemente, o maior consumo de frutas vermelhas e vinho tinto também foi associado a menor mortalidade”

E o que é comer bastante flavonóides? 

É consumir em média 650 mg ao dia 3 vezes por semana. Para termos uma noção, 100g de morango tem cerca de 180 mg de flavonoides, enquanto que 100g de maçã tem 113mg.  

Comentários pessoais:

O estudo traz evidências adicionais do potencial papel neuroprotetor das frutas e vegetais para as pessoas de uma forma geral. Porém, a natureza dos dados deste estudo não deve ser interpretada como se as pessoas com Parkinson mudarem repentinamente sua dieta, para incluir flavonoides, viverão mais. 

Esse é um estudo de associação e não de causa-efeito. Por exemplo, misturar vinho e Parkinson nem sempre é seguro, pois pode piorar o desequilíbrio e proporcionar quedas em algumas pessoas. Em contrapartida, em um indivíduo com Parkinson que tem o hábito de beber aos finais de semana, trocar sua cerveja, ou destilado, por vinho tinto, parece ser uma boa ideia. A orientação é sempre individualizada. 

O que precisamos é balancear. Sim, essas novas evidências nos permitem estimular os pacientes a comerem cada vez melhor; agora, em especial, os alimentos ricos em flavonoides. E, felizmente, os flavonóides são encontrados em muitas frutas e vegetais que podemos comprar facilmente em supermercados.

Além da alimentação, aderência aos remédios, atividade física em moderada intensidade são essenciais. Manter os planos, os projetos de vida e exercitar a mente. A boa convivência com a doença é multifatorial.

Artigo escrito pelo Dr. Rubens Gisbert Cury

Médico Neurologista especialista em doença de Parkinson, Tremor Essencial, Distonia, e Estimulação Cerebral Profunda (DBS, deep brain stimulation). Possui doutorado em Neurologia pela Universidade de São Paulo e pós-doutorado em Neurologia pela Universidade de São Paulo e Universidade de Grenoble, na França.

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INFORMAÇÕES DO AUTOR:

Dr. Rubens Cury Neurologista especialista em doença de Parkinson e Tremores

Médico Neurologista especialista em doença de Parkinson, Tremor Essencial, Distonia, e Estimulação Cerebral Profunda (DBS, deep brain stimulation). Possui doutorado em Neurologia pela USP, pós-doutorado em Neurologia pela USP e Universidade de Grenoble, na França, e é Professor Livre-Docente pela USP.
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