O que é cirurgia de DBS?
Postado em: 20/09/2021
Você já ouviu falar da cirurgia de DBS? Está procurando mais informações sobre esse tema?
Então este texto é para você!
Hoje vamos te apresentar mais sobre este procedimento neurológico, como ele funciona e em que casos ele é indicado.
Vamos lá?
Afinal, o que é a cirurgia de DBS?
A nomenclatura da cirurgia de DBS vem da sigla em inglês Deep Brain Stimulation.
É uma técnica da Neurologia também conhecida no Brasil como Estimulação Cerebral Profunda ou marcapasso cerebral.
Trata-se de um procedimento cirúrgico em que são implantados um ou mais eletrodos em regiões específicas do encéfalo.
Os eletrodos são conectados a um tipo de gerador, uma bateria similar a um marcapasso, chamado de neuroestimulador.
Sua função será estimular regiões específicas do cérebro de acordo com o diagnóstico do paciente.
Como funciona a Estimulação Cerebral Profunda?
A cirurgia de DBS é realizada, normalmente, com o paciente acordado.
Isso porque, durante o procedimento do implante, o paciente pode ser examinado por meio de estimulações transitórias, antes do implante definitivo dos eletrodos, de modo a otimizar o efeito clínico.
Esta técnica só foi possível graças aos avanços da tecnologia, com a criação de geradores de pulso implantáveis e baterias de longa duração ou recarregáveis.
Desta forma, a precisão do implante se torna milimétrico, por meio da técnica de estereotaxia com fusão de imagens, associada a micro registro cerebral.
Quando a cirurgia de DBS é recomendada?
A técnica da Estimulação Cerebral Profunda é indicada em casos onde o uso de medicamentos não surtiram o efeito desejado.
Deste modo pode ser utilizado, especialmente, para os seguintes diagnósticos:
- Doença de Parkinson;
- Distonia;
- Tremor Essencial e outros Tremores;
- Síndrome de Gilles de la Tourette.
Doença de Parkinson
O uso da técnica de DBS na Doença de Parkinson estimula regiões do cérebro como o núcleo subtalâmico.
É indicado para este diagnóstico quando mesmo que o paciente faça uso adequado do esquema de medicamentos prescritos pelo neurologista, os sintomas persistem.
Episódios de rigidez, lentidão e tremor se mantém e incomodam o dia a dia do paciente, atrapalhando a funcionalidade do corpo na rotina.
Deste modo, o candidato a este procedimento deve atender aos seguintes critérios:
- O paciente deve ter pelo menos quatro anos de doença; ou seja, ela não é indicada no início da doença, pois nesse momento a pessoa está bem controlada;
- Não pode ter nenhum tipo de alteração psiquiátrica grave ou quadro demencial (realizamos uma avaliação neuropsicológica antes da cirurgia para avaliar esses sintomas);
- Deve estar realizando tratamento medicamentoso da forma correta e ainda possuir sintomas que prejudicam a qualidade de vida.
São considerados sintomas que prejudicam a qualidade de vida todos aqueles que geram algum tipo de sofrimento ao paciente, como:
- Movimento involuntários, as chamadas discinesias;
- Off, o período em que há travamento importante e rigidez;
- Tremor de repouso.
Cada caso deve ser avaliado de forma individual por um neurologista.
Tremores
A cirurgia é indicada quando o tremor é grave e incapacitante, prejudicando as atividades manuais do paciente. Exemplo: há pessoas com Tremor Essencial que passam a ter muita dificuldade ou impossibilidade em escrever, comer, beber, manusear objetos, abotoar a camisa, amarrar o cadarço, costurar, etc…
Não existe uma idade limite para a indicação cirúrgica, mas algumas fontes excluem pacientes com mais de 75 anos. Como a doença é mais prevalente na população idosa, é importante levar em conta outras doenças que o paciente tenha para avaliação do risco cirúrgico, e também realização de uma ressonância magnética de crânio para avaliar a existência de lesões.
A principal cirurgia realizada para Tremor Essencial é a Estimulação Cerebral Profunda, ou DBS (do inglês, Deep Brain Stimulation). Nessa cirurgia, um eletrodo (semelhante a uma carga de caneta) é colocado na região do cérebro que está alterada no Tremor Essencial, chamada de Tálamo.
Tálamo – o Alvo da Cirurgia no Tremor Essencial
Assim, a corrente elétrica que sai do eletrodo estabiliza esse pequeno “curto-circuito” cerebral, melhorando o tremor. Em outras palavras, através da estimulação do eletrodo há uma estabilização da atividade elétrica patológica cerebral.
Distonia
O tratamento clássico das distonias é com toxina botulínica, o popular Botox, e com medicamentos. O problema é que nem sempre é satisfatório. Nesses casos, a Estimulação Cerebral Profunda (DBS) pode ser indicada.
Ela é capaz de aliviar os sintomas motores da Distonia, como as contraturas musculares dolorosas e movimentos que possam estar gerando deformidades e incapacidade dificultando as atividades do dia a dia.
Em outras palavras: a cirurgia de Estimulação Cerebral Profunda (DBS) é indicada em pacientes com distonia que já tentaram tratamento medicamentoso e toxina botulínica, sendo que mesmo assim, permaneceram com importante comprometimento da função motora e da qualidade de vida.
Quais são os benefícios da cirurgia nas distonias?
Os resultados da cirurgia são variáveis de um paciente para outro, variando de melhoras pequenas a melhoras muito significativas.
O objetivo é melhorar a qualidade de vida, a funcionalidade da pessoa, reduzir as dores e melhorar a marcha. Sabemos que no geral as distonias de origem genética, como a DYT-1, DYT-6, DYT-11 apresentam ótima resposta ao DBS. Distonias cervicais (que acometem o pescoço) também.
Quando o paciente apresenta uma distonia que não está respondendo aos remédios e à toxina botulínica (Botox), já devemos discutir pelo menos com o paciente a cirurgia. A decisão sempre é multidisciplinar: neurologista, família, paciente, neurocirurgião, etc…
Uma vantagem da cirurgia é que, em pacientes bem selecionados, ela melhora de forma significativa e é duradoura; ou seja, os benefícios se mantêm ao longo do tempo (por muitos anos).
Estudos do grupo do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo mostraram que a Estimulação Cerebral Profunda (DBS) é bastante eficaz se indicada no tempo correto, podendo aliviar os sintomas motores e as dores dos pacientes.
Após a cirurgia o paciente muitas vezes mantém os remédios e mesmo a aplicação de toxina. Lembre-se: são terapias complementares!
Síndrome de Gilles de la Tourette
Na Síndrome de Gilles de la Tourette, onde podem ocorrer a presença de tics vocais e motores, geralmente o tratamento envolve terapia cognitivo-comportamental, e em alguns casos medicamentos.
Em raros casos, onde há tics severos, incontroláveis, que prejudicam muita a vida da pessoa, a cirurgia de DBS pode ser benéfica. Geralmente, ela é indicada para pessoas com mais de 18 anos; em casos muito selecionados ela pode ser indicada para indivíduos com menos de 18 anos.
Após o DBS observamos redução dos tics e melhora dos sintomas. A discussão sempre envolve o neurologista e o psiquiatra/ psicólogo que acompanha a pessoa.
Está buscando por um neurologista especialista em DBS? Conheça o Dr. Rubens Cury!
Agora você já sabe o que é a cirurgia de DBS e em que casos é indicada.
Caso você esteja buscando um profissional que realize este procedimento ou deseja uma avaliação neurológica, conheça o Dr. Rubens Cury.
Ele é médico especialista em Neurologia e atua especificamente com Distúrbios do Movimento, que incluem doença de Parkinson, Distonia, Tremor, Tourette.
Entre as técnicas que utiliza para tratamento, está a estimulação cerebral profunda em casos selecionados.
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INFORMAÇÕES DO AUTOR:
Dr. Rubens Cury Neurologista especialista em doença de Parkinson e TremoresMédico Neurologista especialista em doença de Parkinson, Tremor Essencial, Distonia, e Estimulação Cerebral Profunda (DBS, deep brain stimulation). Possui doutorado em Neurologia pela USP, pós-doutorado em Neurologia pela USP e Universidade de Grenoble, na França, e é Professor Livre-Docente pela USP.
Registro CRM-SP 131445