Intestino preso na doença de Parkinson

Postado em: 17/08/2021

Você sabia que o intestino preso (ou constipação) e alterações gastrointestinais são extremamente comuns na doença de Parkinson, em todas as fases da doença? 

Aproximadamente 60 a 80% dos pacientes com Parkinson apresentam sintomas gastrointestinais.

Os sintomas gastrointestinais já podem estar presentes na doença de Parkinson antes de o paciente apresentar tremor e lentidão. Isso mesmo!  Muitas vezes,  o intestino preso aparece anos antes e somente após esse tempo a pessoa desenvolve Parkinson! 

Isso ocorre porque algumas teorias recentes acreditam que em parte dos pacientes acometidos pela a doença de Parkinson a doença se inicia no intestino!

Alterações gastrointestinais na doença de Parkinson

Em associação ao intestino preso, o Parkinson pode levar a salivação excessiva, dificuldade para engolir e, mais raramente, pneumonias aspirativas. 

Além de causar angústia ao paciente, os problemas gastrointestinais associados ao Parkinson estão associados à desnutrição e perda de peso, diminuição da qualidade de vida e aumento da incapacidade geral. 

Por isso, o seu reconhecimento e tratamento adequado são fundamentais. Consideramos que uma pessoa tem intestino preso se ela permanecer mais de 48h sem evacuar.

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O raciocínio para a alta frequência de intestino preso no Parkinson é relativamente simples: assim como a pessoa com Parkinson têm lentidão dos movimentos, a mobilidade do intestino também está diminuída. 

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Nota: Sabemos hoje que a presença da bactéria Helicobacter pylori também compromete o funcionamento do intestino na pessoa com Parkinson.

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E qual a importância de tratar o intestino preso (constipação) no Parkinson?

1. O intestino preso leva a desconforto, dor, irritabilidade da pessoa. Isso é mais óbvio, embora muitos não reconheçam que a constipação pode estar relacionada à doença de Parkinson e têm seus sintomas negligenciados.

2. O intestino preso reduz a absorção da dopamina – levodopa. Sim, pessoas com o intestino sem funcionar bem terão menor absorção dos remédios para o Parkinson! Isso é extremamente importante, pois muitas vezes só de melhorar o intestino do paciente ele melhora dos sintomas da doença…..

Dicas de como tratar o intestino preso no Parkinson

Assim, antes de pensarmos em dar remédios, medidas não-medicamentosas são essenciais.

As principais medidas a serem tomadas são listadas a seguir. Não necessariamente a pessoa precisa fazer todas. Depende de cada caso.

  1. Aumentar a ingestão de água por dia (2,0 a 2,5 litros/ dia são recomendados); 
  1. Iniciar dieta laxativa, com frutas, verduras e legumes. As fibras devem ser ingeridas preferencialmente a partir de alimentos, como hortaliças em geral (alface, agrião, rúcula, mostarda, brócolis, almeirão, repolho, entre outros) e frutas com casca e/ ou bagaço e com maior teor laxativo, a exemplo do abacaxi, laranja, mamão e ameixa, cereais integrais, aveia, linhaça;
  1. Utilizar suplemento de fibra solúvel (ex. psyllium, fibernorm, tamarine) 1 vez ao dia, junto ao café da manhã; 
  1. Realizar massagem abdominal, em movimentos circulares no sentido horário. Geralmente após o banho, com a pessoa relaxada e deitada; 
  1. Evitar o consumo de alimentos ricos em caseína (leite, queijo, requeijão, iogurte), chá preto e chocolate; 
  1. Comer em intervalos regulares; 
  1. Ingerir pasta de ameixas hidratadas e amassadas em óleo de amêndoa doce, milho ou girassol; 
  1. Incentivar a defecação sempre que sentir vontade.
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Além dessas medidas, em alguns casos, o uso de laxantes pode ser necessário. Há estudos mostrando que probióticos também são úteis.

O médico irá guiar o tratamento do paciente. 

Lembre-se: melhorar o intestino do paciente com Parkinson ajuda na sua qualidade de vida e na absorção de suas medicações.

Fonte

Clinical implications of gastric complications on levodopa treatment in Parkinson’s disease. Pfeiffer et al. Parkinsonism and Related Disorders.

Artigo escrito pelo Dr. Rubens Gisbert Cury

Médico Neurologista especialista em doença de Parkinson, Tremor Essencial, Distonia, e Estimulação Cerebral Profunda (DBS, deep brain stimulation).

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INFORMAÇÕES DO AUTOR:

Dr. Rubens Cury Neurologista especialista em doença de Parkinson e Tremores

Médico Neurologista especialista em doença de Parkinson, Tremor Essencial, Distonia, e Estimulação Cerebral Profunda (DBS, deep brain stimulation). Possui doutorado em Neurologia pela USP, pós-doutorado em Neurologia pela USP e Universidade de Grenoble, na França, e é Professor Livre-Docente pela USP.
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Dr. Rubens Cury Neurologista
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