Hipotensão e Tontura na doença de Parkinson: o que devemos saber

Postado em: 03/08/2022

Tontura e Hipotensão são comuns na doença de Parkinson, e andam juntas, pois a tontura frequentemente é causada por hipotensão. 

Hipotensão ocorre quando há uma queda da nossa pressão arterial. Por exemplo, se a pressão de uma pessoa é normalmente 120×80 e vai para 100×60, podemos dizer que ela teve, naquele período, hipotensão.

Mas vale ressaltar que nem sempre que a pressão cai a pessoa tem sintomas. E não necessariamente precisamos tratar a queda da pressão no Parkinson.

A tontura na doença de Parkinson pode ser contínua: ficar o dia todo incomodando o paciente; ou intermitente: ora vai ora volta. 

Ela pode aparecer em algumas posições: deitado, ou em pé, e pode ainda aparecer após a tomada das medicações para o Parkinson.

Vou discutir abaixo algumas causas da tontura, e no final, em um vídeo, explico em detalhes como abordar a tontura e a hipotensão no dia a dia de quem tem Parkinson.

Causas comuns de tontura no Parkinson e como tratá-las:

1. Hipotensão ortostática: queda persistente da pressão arterial que ocorre ao passar da posição sentada ou deitada para a posição em pé

O paciente te conta que tem tontura, mas na história clínica você nota que ela geralmente aparece após a pessoa ficar em pé. 

Em casos mais intensos, a pessoa pode inclusive perder a consciência (literalmente desmaiar).

Dicas para queda da pressão no Parkinson (Importante!): 

  1. Evitar ambientes muito quentes e banho quente;
  2. Preferir atividades físicas em que fique sentado, como bicicleta. Exercícios na água são recomendados, incluindo natação;
  3. Evitar refeições grandes, principalmente com alto nível de carboidrato. Preferir o fracionamento das refeições;
  4. Evitar bebida alcoólica durante o dia;
  5. Meta de consumo diário de água: 2,5 Litros (isotônicos valem);
  6. Aumentar o sal da dieta;
  7. Dormir com a cabeceira elevada 30 a 45 graus (colocar 2 travesseiros);
  8. Quando estiver deitado, evitar levantar de uma vez. Permanecer na posição sentada por cerca de 1 minuto, e depois se levantar; 
  9. Meia de compressão até a cintura – que produza uma pressão de 15 a 20mmHg.
  10. Cinta abdominal elástica.

Em alguns casos usamos medicações para melhorar a hipotensão.

2. Tontura induzida por medicamentos: os agonistas da dopamina e a levodopa são os medicamentos mais comuns associados à tontura ou vertigem na DP. 

A diminuição da dosagem dos remédios pode melhorar. 

Outros medicamentos comuns associados à tontura que não são para o Parkinson incluem: anticonvulsivantes, anti-hipertensivos, antidepressivos e antipsicóticos 

3. Vertigem posicional paroxística benigna (VPPB): tontura repentina ao virar na cama ou tontura que dura apenas alguns segundos. 

A VPPB é causada por alguns pequenos cristais soltos no labirinto. A manobra geralmente resolve por completo os sintomas, pois expele os cristais nas vias do labirinto. 

Uma pesquisa recente revelou que a VPPB pode ocorrer em 11% das pessoas com Parkinson!

4. Labirintite: Muitas pessoas com Parkinson apresentam disfunção do labirinto, que se localiza no ouvido interno. Sabe-se que a popular “labirintite”, que seria uma inflamação do labirinto, é rara. Mas outros problemas do labirinto podem aparecer em quem tem Parkinson. 

Nesses casos, o neurologista exclui que o problema é de fato neurológico, e solicita avaliação de um otorrino.

5. Ataque isquêmico transitório ou derrame: início súbito de tontura, geralmente na presença de outros sinais neurológicos, pode ser um ataque isquêmico transitório (que é um evento em que um vaso no cérebro se fecha e logo em seguida abre) ou mesmo derrame (AVC). 

Se houver suspeita de derrame, você deve procurar atendimento médico imediatamente e submeter-se a exames de imagem apropriados.

Mensagem: Informe sempre o seu médico se sentir tonturas regularmente. Há diversas causas, e muitas vezes o diagnóstico não é claro. A história detalhada contada pelo paciente é fundamental. Em alguns casos, manobras, exames, ou avaliação do otorrino pode ser necessários. Em outros, medidas comportamentais e ajuste de medicações já resolvem o problema.

Fonte

Diagnosis and treatment of orthostatic hypotension. Lancet Neurol.

Artigo escrito pelo Dr. Rubens Gisbert Cury

Médico Neurologista especialista em doença de Parkinson, Tremor Essencial, Distonia, e Estimulação Cerebral Profunda (DBS, deep brain stimulation). Doutorado em Neurologia pela Universidade de São Paulo e Pós-doutorado em Neurologia pela Universidade de São Paulo e Universidade de Grenoble, na França.

Esse post foi útil?

Clique nas estrelas

Média 5 / 5. Votos: 7

Seja o primeiro a avaliar este post.

Preencha o formulário e agende sua consulta

icon
Enviando...
icon

INFORMAÇÕES DO AUTOR:

Dr. Rubens Cury Neurologista especialista em doença de Parkinson e Tremores

Médico Neurologista especialista em doença de Parkinson, Tremor Essencial, Distonia, e Estimulação Cerebral Profunda (DBS, deep brain stimulation). Possui doutorado em Neurologia pela USP, pós-doutorado em Neurologia pela USP e Universidade de Grenoble, na França, e é Professor Livre-Docente pela USP.
Registro CRM-SP 131445

Dr. Rubens Cury Neurologista
Contato

Rua Cristiano Viana, 328, cj 201
Pinheiros - São Paulo/SP

Responsável Técnico
Dr. Rubens Gisbert Cury
CRM/SP 131445 - RQE 64840

© Copyright 2024 - Shantal Marketing

...