Exercícios físicos ajudam a amenizar dores do Parkinson?

Postado em: 14/08/2023

A possibilidade de aliviar as dores do Parkinson pode estar em uma recomendação médica tradicional: a prática regular de exercícios físicos. Segundo um estudo liderado por neurologistas brasileiros, manter uma rotina de atividades aeróbicas, incluindo corridas e caminhadas, podem contribuir para aliviar as dores faciais provocadas pela doença.

A maioria dos pacientes com a doença de Parkinson sente dor em várias partes do corpo, em diferentes intensidades e, muitas vezes, ela não é considerada um sintoma relevante. “A dor é uma experiência subjetiva e complexa, influenciada por fatores físicos, emocionais e sociais. Reconhecer a dor como um sinal importante do Parkinson e informar sobre ela ajuda os pacientes adotarem uma abordagem mais ativa no tratamento”, explicou a neurocientista Marucia Chacur, uma das autoras da pesquisa. 

Esse estudo foi realizado por cientistas do Laboratório de Neuroanatomia Funcional da Dor do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP), em parceria com médicos do Laboratório de Neurociências do Hospital Sírio-Libanês. O impacto dos exercícios físicos foi observado em ratos que tinham sintomas semelhantes aos da doença induzidos através de injeções da 6-hidroxidopamina, substância que causa a perda de neurônios dopaminérgicos, semelhante à enfermidade. Parte dos roedores tinha de correr em uma esteira três vezes por semana ao longo dos 40 dias.

Como foi feita a pesquisa?

Publicada em junho de 2023 na revista Neurotoxicity Research, a pesquisa avaliou a dor na face dos ratos a partir da incisão de filamentos de espessuras variadas e com diferentes intensidades de força até que os animais demonstrassem indícios de dor. Quanto menor a espessura dos filamentos capazes de causar desconforto, mais sensível o animal estava à dor. 

Todos os ratos que praticavam exercícios demonstraram menos dor quando comparados com o segundo grupo, composto por sedentários. “A prática regular de exercícios físicos, especialmente aqueles que visam fortalecer os músculos, podem aprimorar tanto a força quanto a flexibilidade, aliviando a sobrecarga nos músculos e articulações. Isso, por sua vez, melhora a estabilidade e o equilíbrio dos pacientes, contribuindo para a redução da dor associada”, esclarece a neurocientista.

Ela aponta ainda que, além dos efeitos diretos sobre a condição dolorosa, as atividades ajudam a reduzir o estresse, melhorar o humor e aumentar a sensação de bem-estar geral.

Benefícios do exercício físico

O estudo é mais um indicativo das vantagens do exercício físico e oferece uma alternativa que pode diminuir a necessidade de medicação. A recomendação, contudo, depende da individualidade de cada indivíduo e dos problemas que o acometem. 

“A doença de Parkinson apresenta uma grande variedade de sintomas, que se manifestam de diferentes formas nos pacientes. Enquanto o exercício físico pode proporcionar benefícios substanciais a certas pessoas, esse cenário não é universal. É fundamental ter em mente que o tipo de atividade deve ser adaptado de acordo com as necessidades e limitações individuais de cada paciente”, explicou Daniel de Oliveira Martins, autor do estudo e pesquisador do ICB.

A neurocientista Marucia indica que existem outros caminhos a serem investigados no futuro. A pesquisa continuará avançando em outras frentes, analisando a dor em outras regiões do corpo e outros mecanismos fisiológicos, não se limitando apenas aos relacionados ao movimento, mas abrangendo também aqueles associados a sensações térmicas, como calor e frio.

“Uma parte desse trabalho com enfoque na dor neuropática, causada por danos aos nervos sensitivos do sistema nervoso central ou periférico, nos membros inferiores. É importante, pois o paciente enfrenta dores generalizadas pelo corpo, muitas vezes, devido à rigidez nos membros superiores”, conclui a professora.


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O Dr. Rubens Cury é médico neurologista especialista em doença de Parkinson, Tremor Essencial, Distonia e Estimulação Cerebral Profunda (DBS). Possui doutorado em Neurologia pela Universidade de São Paulo e pós-doutorado em Neurologia pela Universidade de São Paulo e Universidade de Grenoble, na França. Agende sua consulta hoje mesmo

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INFORMAÇÕES DO AUTOR:

Dr. Rubens Cury Neurologista especialista em doença de Parkinson e Tremores

Médico Neurologista especialista em doença de Parkinson, Tremor Essencial, Distonia, e Estimulação Cerebral Profunda (DBS, deep brain stimulation). Possui doutorado em Neurologia pela USP, pós-doutorado em Neurologia pela USP e Universidade de Grenoble, na França, e é Professor Livre-Docente pela USP.
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