Estudo publicado na NATURE mostra os potenciais efeitos das células tronco na doença de Parkinson
Postado em: 16/03/2022
Um importante estudo publicado na revista NATURE mostrou resultados positivos do transplante de células tronco em modelos animais de doença de Parkinson.
A doença de Parkinson atinge 7 milhões de pessoas em todo mundo, e até o momento não tem cura. Terapias que envolvem o uso de células tronco são promissoras na medicina, e já são utilizadas em diversos tipos de câncer.
Detalhes do estudo
Foram analisados macacos com “Parkinson” (as aspas cabem pois são modelos animais de Parkinson; ou seja, os animais têm perda da dopamina induzida em laboratório).
Os macacos parkinsonianos exibiram lentidão dos movimentos, tremor, rigidez e alteração da marcha, semelhante a pessoas com Parkinson.
Foi realizado então o transplante de células tronco autólogo, ou seja, células tronco do próprio macaco. Esse tipo de transplante, em que o próprio indivíduo transplanta células para si mesmo, tem inúmeras vantagens, como evitar rejeição.
As células são potencializadas, estimuladas e então auto-transplantadas. Aqui, no caso, o transplante das células é realizado no cérebro, na região que produz dopamina.
Resultados:
Houve melhora importante nos sintomas, na mobilidade e nos movimentos dos macacos após o transplante das células tronco. Os macacos foram seguidos por 2 anos após o transplante.
A figura mostra o aumento do número de células produtoras de dopamina com o passar do tempo (veja o aumento das células de cima para baixo)
Informações importantes:
1. A doença de Parkinson é primariamente causada por uma redução da produção de dopamina no cérebro. Essa redução ocorre em uma região chamada substância negra.
2. A reposição de dopamina através dos remédios melhora os sintomas, mas não altera (não retarda) a progressão da redução da produção da dopamina; ou seja: a produção cerebral de dopamina continua reduzindo, mesmo tomando remédios.
3. O estudo mostrou que o transplante autólogo de células tronco recuperou as células dopaminérgicas de modelos Parkinsonianos de macacos (modelo animal).
# Lembre-se: Transplante autólogo é aquele que se utiliza células da própria pessoa (do sangue ou da medula óssea), portanto diminui o risco de complicações, como rejeição, como pode ocorrer quando o transplante é de um outro doador.
Esse é um estudo muito importante, mas obviamente isso precisa ainda ser confirmado em humanos; há muita estrada a ser percorrida, mas precisamos ser otimistas e alimentarmos nossas esperanças em cada novo estudo sério sobre a doença de Parkinson. Esperamos que novos estudos alimentem essas hipóteses de restauração/ recuperação dopaminérgica, que tanto se vem buscando nos últimos anos.
Fonte
Autologous transplant therapy alleviates motor and depressive behaviors in parkinsonian monkeys. Tao et al. Nature Medicine 2021.
Artigo escrito pelo Dr. Rubens Gisbert Cury
Médico Neurologista especialista em doença de Parkinson, Tremor Essencial, Distonia, e Estimulação Cerebral Profunda (DBS, deep brain stimulation).
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INFORMAÇÕES DO AUTOR:
Dr. Rubens Cury Neurologista especialista em doença de Parkinson e TremoresMédico Neurologista especialista em doença de Parkinson, Tremor Essencial, Distonia, e Estimulação Cerebral Profunda (DBS, deep brain stimulation). Possui doutorado em Neurologia pela USP, pós-doutorado em Neurologia pela USP e Universidade de Grenoble, na França, e é Professor Livre-Docente pela USP.
Registro CRM-SP 131445