Doença de Parkinson poderá ser diagnosticada por exame de líquor?
Postado em: 08/05/2023
Um exame de líquor (líquido que fica em volta da medula espinhal) poderá, no futuro, diagnosticar precocemente a doença de Parkinson e ajudar a rastrear os tratamentos mais eficazes para cada paciente. Até hoje, nenhum teste bioquímico conseguiu determinar, de forma conclusiva, a presença da enfermidade, definida com base em sintomas clínicos e na avaliação de características cerebrais.
Em um artigo publicado na revista The Lancet Neurology, pesquisadores da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, descreveram uma técnica que identifica o Parkinson em pessoas em risco e com sinais não motores ainda no início da patologia. O estudo, com 1.123 participantes, mostra que o método, chamado amplificação de sementes de alfa-sinucleína (Syn-SAA), é altamente preciso para o diagnóstico.
Essa técnica identifica o acúmulo de depósitos anormais de proteínas ligadas à enfermidade, detectando a complicação. Segundo os autores, o resultado sugere que a abordagem pode ser usada para diagnosticar indivíduos em risco antes do surgimento dos sintomas. A presença de agregados da proteína alfa-sinucleína no cérebro é a marca patológica do Parkinson e pode ser vista em cérebros de indivíduos que morreram com o problema.
A identificação de um biomarcador eficaz para a patologia da doença de Parkinson pode ter implicações profundas na forma como tratamos a doença, possibilitando diagnosticar pessoas mais cedo, identificar os melhores tratamentos para diferentes grupos de pacientes e acelerar os ensaios clínicos.
Além disso, os resultados da pesquisa indicam que a alfa-sinucleína é detectável antes que o dano dopaminérgico no cérebro esteja prestes a ser observado por imagem, sugerindo a disseminação dessas proteínas antes que ocorra dano neuronal substancial.
Em um comentário publicado na The Lancet, as professoras Daniela Berg e Christine Klein, do Hospital Universitário Schleswig-Holstein, na Alemanha, destacaram a importância da descoberta de que a Syn-SAA pode detectar sinais precoces de distúrbios. Os autores mostraram que pessoas com Parkinson e portadores de mutações não manifestas tinham agregação anormal de alfa-sinucleína antes de qualquer outra alteração clínica ou biomarcadora detectável, uma descoberta que estabelece as bases para um diagnóstico biológico da doença. Para elas, trata-se de “um divisor de águas no diagnóstico, pesquisa e tratamentos da doença de Parkinson”.
Afinal, o que é doença de Parkinson?
Parkinson é uma doença neurológica, crônica e progressiva que ataca o sistema nervoso central. Ela acontece devido à morte de células do cérebro responsáveis pela produção de dopamina – um tipo de neurotransmissor que, entre outras funções, regula os movimentos do corpo.
Não se sabe exatamente as causas do Parkinson. Os cientistas avaliam fatores genéticos, mas também ambientais.
Sintomas, diagnóstico e tratamento
Os sinais da doença não são sempre os mesmos, podem variar de pessoa para pessoa. Normalmente, as alterações iniciais são sutis, lentas e graduais, o que dificulta para o paciente dizer exatamente quando começaram.
Entre os principais sintomas estão:
- Lentidão motora (bradicinesia);
- Redução da quantidade de movimentos (acinesia);
- Tremores em repouso (normalmente nas mãos e em apenas um dos lados do corpo);
- Rigidez nas articulações de punhos, cotovelos, ombros, coxas e tornozelos;
- Desequilíbrio.
Além desses sintomas motores, o paciente com Parkinson pode apresentar dores, distúrbios da fala e do sono, dificuldade para engolir, desequilíbrio intestinal e depressão. O caminhar é realizado com passos pequenos e arrastado e postura curvada.
Outra característica fácil de reconhecer é a alteração na caligrafia: os portadores de Parkinson tendem a demorar mais para escrever, aplicar menor pressão sobre o papel e ter a letra menor que antes.
Não existe um procedimento diagnóstico específico ou teste laboratorial para estabelecer o diagnóstico do Parkinson. O médico avalia os movimentos e os sintomas descritos pelo paciente e familiares. Exames complementares costumam ser solicitados para descartar outras patologias.
A doença de Parkinson não tem cura, mas com tratamento adequado, é possível garantir a qualidade de vida por muitos anos. Os cuidados envolvem: medicamentos de uso contínuo para repor ou desacelerar a perda de dopamina no cérebro, e consequentemente reduzir os sintomas, bem como cirurgia de Estimulação Cerebral Profunda.
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INFORMAÇÕES DO AUTOR:
Dr. Rubens Cury Neurologista especialista em doença de Parkinson e TremoresMédico Neurologista especialista em doença de Parkinson, Tremor Essencial, Distonia, e Estimulação Cerebral Profunda (DBS, deep brain stimulation). Possui doutorado em Neurologia pela USP, pós-doutorado em Neurologia pela USP e Universidade de Grenoble, na França, e é Professor Livre-Docente pela USP.
Registro CRM-SP 131445