Como é feito o diagnóstico da doença de Parkinson?

Postado em: 13/06/2022

A doença de Parkinson foi descrita pela primeira vez em 1817 pelo médico inglês James Parkinson. Na época, ele descreveu a presença de lentidão durante a marcha e tremor em algumas pessoas pelas ruas de Londres. Hoje, mais de 200 anos após sua descrição, muitos aspectos da doença ainda são desconhecidos, embora tenha havido um avanço considerável nas últimas décadas. 

A doença de Parkinson é a segunda doença neurodegenerativa mais comum na população mundial. Estima-se que cerca de sete milhões de pessoas em todo o mundo possuam a doença, e esse número deve dobrar nas próximas duas décadas. Ela afeta cerca de 0,3% da população geral e 1% a 2% da população acima dos 60 anos. 

De uma forma simplificada, a doença é causada por uma redução na produção de dopamina no cérebro. A dopamina é um neurotransmissor cerebral que orquestra nossos movimentos como andar, escrever e falar. Ela é produzida em uma região central do cérebro chamada Substância Negra, e sua a redução da sua produção leva a sintomas específicos, descritos abaixo.

Sintomas clássicos da doença de Parkinson

Quais são os sintomas da doença de Parkinson?

A doença de Parkinson é caracterizada pela lentidão dos movimentos (bradicinesia) e tremor de repouso.

A bradicinesia é um distúrbio caracterizado pela lentidão dos movimentos na iniciação e execução de atos motores voluntários e automáticos. 

Pode haver uma redução da expressão facial, redução do balanço do braço durante a marcha (“marcha em bloco”) e redução da deglutição automática da saliva, levando a acúmulo e perda da saliva pelo lábio (chamada sialorreia).

A bradicinesia compromete as atividades básicas da vida diária, como andar, falar (a voz fica mais baixa), alimentar, vestir e realizar a higiene corporal. A escrita, ou a letra do paciente tende a ficar menor e menos legível. Alguns pacientes referem que o cheque voltou do banco pois a assinatura estava diferente. 

O paciente refere que está mais lento para fazer as atividades quotidianas

E uma informação importante: os sintomas do Parkinson são ASSIMÉTRICOS. Ou seja, iniciam-se em um lado do corpo, seja o direito, seja o esquerdo.

Ex.: “Meu braço direito, minha mão direita, estão mais lentos, travados, mais rígidos. Eu tenho dificuldade em abotoar uma camisa, amarrar um cadarço, fazer a barba, escovar os dentes…pois minha mão está com os movimentos finos dificultosos” 

O tremor parkinsoniano é de repouso (com o braço parado em cima da mesa, ou no braço da cadeira, ou em repouso sobre a coxa), e piora em situações de estresse e nervosismo. Também ocorre em uma das mãos inicialmente, e não nas duas

Nem todos os pacientes com Parkinson têm tremor! Ele está presente em 70% dos pacientes. 

Sintomas clássicos da doença de Parkinson

Sintomas clássicos da doença de Parkinson

Importante: o início dos sintomas da doença de Parkinson sempre é assimétrico (iniciando do lado direito ou esquerdo do corpo). Com o passar dos anos, geralmente o outro lado é acometido. Não são todos pacientes com Parkinson que apresentam tremor. Cerca de 20% dos acometidos nunca vão apresentar tremor em nenhuma fase da doença. Portanto, a avaliação dos sintomas como lentidão e rigidez são fundamentais.

Como é feito o diagnóstico da doença de Parkinson?

O diagnóstico é clínico, e se baseia:

  1. Em uma história detalhada dos sintomas.
  2. Exclusão de outras doenças que possam levar a tremor (como distúrbios hormonais, alterações do cálcio, uso de medicações)
  3. Exame neurológico de todos os sintomas descritos acima. Detalhado, minucioso.
  4. Exames de imagem (como ressonância) auxiliam a excluir causas secundárias.
  5. Em alguns casos vemos a produção de dopamina com um exame chamado TRODAT.

No vídeo abaixo explico como fazemos o diagnóstico na nossa prática clínica:

Artigo escrito pelo Dr. Rubens Gisbert Cury

Médico Neurologista especialista em doença de Parkinson, Tremor Essencial, Distonia, e Estimulação Cerebral Profunda (DBS, deep brain stimulation). Doutorado em Neurologia pela Universidade de São Paulo e Pós-doutorado em Neurologia pela Universidade de São Paulo e Universidade de Grenoble, na França.

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