Bactérias intestinais podem estar relacionadas à doença de Parkinson?

Postado em: 01/05/2023

Certas cepas da bactéria intestinal Desulfovibrio, encontrada em ambientes úmidos, podem ser a principal causa de Parkinson, de acordo com um novo estudo publicado na revista científica Frontiers in Cellular and Infection Microbiology.  

A descoberta é importante, pois a origem da doença neurológica é considerada desconhecida. Desde que o médico britânico James Parkinson descreveu pela primeira vez o distúrbio como uma condição neurológica, há dois séculos, os cientistas buscam por uma explicação para a razão pela qual algumas pessoas desenvolvem perda do controle motor à medida que envelhecem.

O que os cientistas disseram

Segundo o professor Per Saris, da Universidade de Helsinque, na Finlândia, que lidera a pesquisa, a causa principal do Parkinson seria a exposição ambiental às cepas bacterianas. Apenas uma pequena parcela, cerca de 10% dos quadros de Parkinson são causados por genes individuais. 

O estudo, conduzido por pesquisadores das universidades de Helsinque e do Leste da Finlândia, se baseia em resultados de uma investigação anterior mostrando que a gravidade da doença de Parkinson em voluntários aumentou com as concentrações de cepas de Desulfovibrio em suas fezes.

Na nova pesquisa, a equipe coletou amostras fecais de 10 pacientes com Parkinson e seus cônjuges saudáveis ​​e isolou cepas da bactéria presentes. Juntamente com dois grupos de controle de bactérias de um gênero completamente diferente, os microrganismos extraídos foram dados como alimento para vermes nematoides Caenorhabditis elegans modificados para expressar a proteína α-sinucleína humana.

Uma análise estatística baseada em observações microscópicas das cabeças dos vermes revelou que aqueles alimentados com Desulfovibrio eram muito mais propensos a produzir aglomerados de α-sinucleína, e esses aglomerados tendiam a ser muito maiores.

As cepas de bactéria coletadas de pacientes com Parkinson também foram melhores em agregar as proteínas nos vermes do que aquelas coletadas de seus parceiros. Além disso, esses nematoides geralmente morriam em números maiores do que os dos grupos de controle.

Conforme o estudo, uma vez que a bactéria Desulfovibrio é eliminada do intestino, os agregados de α-sinucleína não são mais formados nas células intestinais, de onde viajam para o cérebro.

Apesar dos vermes serem muito diferentes dos seres humanos, as conclusões podem ajudar a rastrear portadores das bactérias intestinais. Eles podem ser alvo de medidas para remover essas cepas do intestino, aliviando e retardando os sintomas de pacientes com Parkinson

Saiba mais sobre a Doença de Parkinson

A doença de Parkinson é uma enfermidade do sistema nervoso central, crônica e progressiva. É causada por uma diminuição intensa da produção de dopamina, particularmente numa pequena região encefálica chamada substância negra. O controle motor do indivíduo é perdido, ocasionando sinais e sintomas característicos, que permitem o diagnóstico clínico de parkinsonismo.

O quadro clínico é composto basicamente de quatro sinais:

  • Tremores.
  • Lentidão e pobreza dos movimentos voluntários (acinesia ou bradicinesia).​
  • Rigidez (enrijecimento dos músculos, principalmente no nível das articulações).
  • Instabilidade postural (dificuldades relacionadas ao equilíbrio, com quedas frequentes).
  • Alterações na fala e na escrita.

Para o diagnóstico não é necessário, entretanto, que todos os elementos estejam presentes, bastando dois dos três primeiros itens citados.

Costuma instalar-se em torno dos 60 anos de idade, embora 10% dos casos ocorram antes dos 40 anos (parkinsonismo de início precoce) e até em menores de 21 anos (parkinsonismo juvenil).

A doença de Parkinson não tem cura, mas tem tratamento que ajuda o paciente a manter uma melhor qualidade de vida. A terapêutica inclui medicamentos, que devem ser tomados de forma contínua para repor a dopamina, até cuidados de fisioterapia, fonoaudiologia, terapia ocupacional e psicologia. Em casos de pouca resposta a esses procedimentos, pode ser indicada a cirurgia de Estimulação Cerebral Profunda.

Se você conhece alguém que está enfrentando os sintomas da doença de Parkinson, não espere para buscar ajuda. Agende uma consulta com o Dr. Rubens Cury, especialista em Parkinson e cirurgia DBS há mais de 10 anos!

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INFORMAÇÕES DO AUTOR:

Dr. Rubens Cury Neurologista especialista em doença de Parkinson e Tremores

Médico Neurologista especialista em doença de Parkinson, Tremor Essencial, Distonia, e Estimulação Cerebral Profunda (DBS, deep brain stimulation). Possui doutorado em Neurologia pela USP, pós-doutorado em Neurologia pela USP e Universidade de Grenoble, na França, e é Professor Livre-Docente pela USP.
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Dr. Rubens Cury Neurologista
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