Andar de bicicleta é benéfico para doença de Parkinson
Postado em: 16/03/2022
A prática de atividade física é sabidamente neuroprotetora ao cérebro, pois ela leva a neuroplasticidade cerebral.
Ou seja, ela altera as conexões entre os neurônios de diversas partes do cérebro.
Isso foi demonstrado em diversos estudos animais e em humanos. Por exemplo:
1. Há evidências de que a atividade física leva a neurogênese no hipocampo, região responsável pela nossa memória. Com o avançar da idade, sabidamente há atrofia do hipocampo, e estudos moleculares e celulares mostraram que a prática regular de atividade física reduz essa atrofia, melhorando a função cognitiva.
2. A atividade física favorece o que chamamos de angiogênese, ou seja, formação de novos vasos sanguíneos cerebrais. Isso é crucial para a oxigenação das células cerebrais, os neurônios.
3. O exercício físico aumenta o chamado fator neurotrófico cerebral (BDNF), responsável por melhorar as sinapses, ou seja, as conexões cerebrais.
Em suma, a atividade física, em especial aeróbica, é essencial para reduzir o envelhecimento cerebral, a chance de declínio cognitivo (memória) e a atrofia cerebral.
E para a doença de Parkinson?
Para Parkinson, orientamos a realização de atividade física desde o diagnóstico, pois ela é essencial no controle dos sintomas e tem potencial neuroprotetor, diminuindo a perda dopaminérgica ao longo do tempo.
Basicamente, orientamos atividade física aeróbica, alongamento, treino de equilíbrio e anaeróbico – ganho de massa magra. Para mais detalhes leia aqui.
Foi publicado na importante revista NPJ Parkinson’s Disease, do Grupo Nature, os efeitos positivos da bicicleta sobre a doença de Parkinson:
Os autores analisaram mais de 20 estudos que incluíram 505 pacientes com Parkinson.
Os estudos avaliaram o efeito de andar de bicicleta (ergométrica ou ao ar livre) de uma a cinco vezes por semana, durante um período de até de 3 meses. Foram comparadas pessoas com Parkinson que faziam atividade com bicicleta versus pessoas que não faziam atividade.
O que a bicicleta melhorou?
- A lentidão dos movimentos
- A Funcionalidade (atividades do dia a dia como higiene pessoal, trabalhar, dormir)
- A velocidade da marcha
- O equilíbrio
- O score PDQ-39 (que é uma medida da qualidade de vida)
Quanto mais as pessoas andavam, e por mais dias/ semanas, melhores elas ficavam.
O que orientamos os pacientes é buscar o exercício que mais lhe dá prazer; não necessariamente precisa ser bicicleta; esse estudo reforça a importância da pessoa manter-se ativa. Ela precisa ser aderente, seja na caminhada, na corrida, na bicicleta, na natação, no tênis (ou beach tênis!), nas aulas aeróbicas das academias, etc…
Mantenha-se ativo e motivado!
Fonte
Parkinson’s disease patients benefit from bicycling – a systematic review and meta-analysis. NPJ Parkinson’s disease 2021.
Artigo escrito pelo Dr. Rubens Gisbert Cury
Médico Neurologista especialista em doença de Parkinson, Tremor Essencial, Distonia, e Estimulação Cerebral Profunda (DBS, deep brain stimulation). Doutorado em Neurologia pela Universidade de São Paulo e Pós-doutorado em Neurologia pela Universidade de São Paulo e Universidade de Grenoble, na França.
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INFORMAÇÕES DO AUTOR:
Dr. Rubens Cury Neurologista especialista em doença de Parkinson e TremoresMédico Neurologista especialista em doença de Parkinson, Tremor Essencial, Distonia, e Estimulação Cerebral Profunda (DBS, deep brain stimulation). Possui doutorado em Neurologia pela USP, pós-doutorado em Neurologia pela USP e Universidade de Grenoble, na França, e é Professor Livre-Docente pela USP.
Registro CRM-SP 131445