Dicas de como caminhar para quem tem Parkinson
Postado em: 17/09/2021
Caminhar é uma função essencial do bem-estar de quem tem Parkinson. Os dias mais quentes e as noites arejadas da primavera e do verão oferecem às pessoas com Parkinson as melhores oportunidades de aproveitar o meio ambiente e o ar livre.
É essencial caminharmos com cuidado. Aqui descrevo algumas maneiras de se preparar que podem ajudá-lo a aproveitar ao máximo a experiência da sua caminhada.
1 – Antes de iniciar qualquer programa de exercícios, é importante estar em dia com seu clínico ou cardiologista.
2 – Também é interessante observar por quanto tempo suas doses de levodopa duram quando você está se exercitando, em comparação com quando você está menos ativo. Isso é importante, pois como o seu metabolismo pode acelerar quando você se exercita, seus medicamentos podem durar menos durante a atividade física. Insisto: é fundamental notarmos a duração das tomadas dos remédios ao longo do dia, pois às vezes é necessário ajustar o horário dos medicamentos a depender do período do dia e da sua atividade.
3 – Um período de “off”, que ocorre quando a medicação “acaba” e surge a rigidez e a lentidão, pode sempre ser perturbador para sua programação diária. Pode ser inclusive perigoso se ocorrer durante uma caminhada. Uma boa ideia em geral, especialmente se você tiver “períodos de off”, é pedir a um cuidador ou um amigo para ser seu companheiro de caminhada. Isso é importante, pois algumas pessoas têm o que chamamos de “off imprevisível”, ou seja: ele pode travar sem estar esperando, travar mesmo que o remédio não esteja acabando.
4 – Limite-se a território familiar e terreno relativamente plano. Leve, se possível, uma caixinha com seus principais remédios (em geral a levodopa ou prolopa) caso surjam períodos de “off” ou os chamados congelamentos da marcha.
5 – Peça ao seu colega de caminhada carregar sua bebida de escolha. Bebidas isotônicas e sucos de frutas são boas opções para complementar a água. Água tônica com quinino (que pode ser achada em um supermercado local) pode ser útil para aliviar as cãibras musculares.
6 – Se você gosta de caminhar, mas nem sempre confia no seu equilíbrio, sugiro que leve uma bengala, por exemplo. Costumamos discutir com o fisioterapeuta que acompanha a pessoa a melhor estratégia de bengala, pois o tamanho e formato importam.
7 – O equipamento adequado é essencial para uma caminhada bem-sucedida. Proteja-se da chuva e da exposição ao sol com guarda-chuvas, capas de chuva, chapéus, óculos de sol e protetor solar. Repelente de insetos é interessante a depender da região que você more.
8 – Eu sugiro o uso de tênis confortáveis, que tenham um bom suporte e bastante espaço para os dedos. As abas de fecho de velcro podem livrá-lo do desafio de amarrar os cadarços.
9 – Outro fator importante a se considerar é que caminhar pode ajudar a aliviar o estresse. Caminhar beneficia a saúde física e a saúde mental. Caminhar pode melhorar seu humor. Isso ocorre porque caminhar produz endorfinas (substâncias químicas que regulam as emoções). Pesquisas apontam que a partir de cinco minutos de exercício aeróbico – e caminhar é um exercício aeróbico – já podemos começar a diminuir a ansiedade e reduzir o estresse. E lembre-se: atividade física também auxilia na qualidade do sono da pessoa com Parkinson!
Artigo escrito pelo Dr. Rubens Gisbert Cury
Médico Neurologista especialista em doença de Parkinson, Tremor Essencial, Distonia, e Estimulação Cerebral Profunda (DBS, deep brain stimulation).
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INFORMAÇÕES DO AUTOR:
Dr. Rubens Cury Neurologista especialista em doença de Parkinson e TremoresMédico Neurologista especialista em doença de Parkinson, Tremor Essencial, Distonia, e Estimulação Cerebral Profunda (DBS, deep brain stimulation). Possui doutorado em Neurologia pela USP, pós-doutorado em Neurologia pela USP e Universidade de Grenoble, na França, e é Professor Livre-Docente pela USP.
Registro CRM-SP 131445