Estudo associa a fadiga na doença de Parkinson com depressão e sonolência

Postado em: 27/08/2021

A fadiga é um dos sintomas mais comuns em pacientes com doença de Parkinson. No entanto, a fadiga associada à doença de Parkinson não é igual a sensação de cansaço que você sente depois de um longo dia de trabalho, cuidando de seus filhos, ou depois de ter insônia por algumas noites seguidas.


A fadiga relacionada à doença de Parkinson é muitas vezes descrita como uma exaustão,  que faz com que pareça impossível se mover, como se a pessoa não tivesse qualquer energia.

Os pacientes relatam um cansaço físico profundo, diferente da sonolência. Ele pode sentir que mesmo as tarefas diárias simples – preparar o café da manhã, atender o telefone, escrever uma lista de compras – provocam cansaço.

Além disso, outra característica é um cansaço mental debilitante, que atrapalha a concentração. A pessoa pode ter problemas para iniciar uma tarefa ou relembrar detalhes cotidianos.

Um estudo recente mostrou que a fadiga é comumente associada à sonolência e à depressão. 

Esse assunto é extremamente importante pois tem forte impacto nas atividades da vida diária dos pacientes com Parkinson, e agrava a sobrecarga de seus cuidadores e familiares.

O estudo clínico

O estudo reuniu 232 pacientes com Parkinson que foram avaliados quanto a presença de fadiga, qualidade do sono (polissonografia), depressão, ansiedade e gravidade dos sintomas motores (tremor, lentidão e rigidez).

Os resultados mostraram que pacientes com muita fadiga, tinham mais sonolência de dia, mais lentidão, mais tempo de doença, e mais ansiedade e depressão. 

Os pacientes com fadiga tinham alteração da arquitetura do sono vista na polissonografia. Ou seja, dormiam pior.

Uma vez reconhecida como parte da doença de Parkinson, devemos tratar os pacientes de forma adequada.

%imagem que representa filename%
%imagem que representa filename%

1. Avalie seus medicamentos: os medicamentos para o Parkinson aumentam a disponibilidade de dopamina no cérebro. Se você estiver tomando uma dose muito baixa, aliado a um  nível baixo de dopamina, isso pode deixá-lo fatigado. 

Dessa forma, você deve discutir os sintomas com seu médico neurologista. Às vezes, o ajuste do medicamento,  já ajuda na fadiga.

2. Exercício: pode parecer contraintuitivo fazer exercícios quando você está se sentindo lento, fadigado, mas muitos pacientes com Parkinson acham que começar o dia com exercícios, como uma caminhada rápida ou uma aula de yoga, aumenta a energia durante o restante do dia.

E embora se exercitar vigorosamente no final do dia – algumas horas antes da hora de dormir – possa interferir no sono, um treino leve, como uma caminhada ou alguns alongamentos simples, pode ajudá-lo a relaxar e ter uma noite de sono melhor. 

Dica: Experimente tipos diferentes de exercício para descobrir o que lhe traz os melhores resultados.

%imagem que representa filename%

3. Tire uma soneca diária: Algumas pessoas acham as sonecas muito restauradoras; outras não conseguem encaixar uma em seu dia a dia sem interromper as atividades diárias. 

Dica: uma soneca curta (até 30 minutos no máximo) pode ser uma forma eficaz de aliviar a fadiga. Como regra geral, cochilos mais longos podem interferir no seu sono à noite. 

4. Beba cafeína (mas evite álcool!): Muitas vezes recomendamos um pouco de cafeína para os pacientes com fadiga. Costumamos dizer ao paciente que naquele momento de baixa energia (após a hora do almoço por exemplo), não há nada de errado em tomar um café ou um chá com cafeína (como o chá verde ou preto ou o chá-mate).  

Assim, evite tomar bebidas alcoólicas à noite. Pode fazer você se sentir sonolento no início, mas o álcool é conhecido por causar má qualidade do sono.

5. Considere as causas psicológicas e alterações do sono: conforme mostrado no estudo acima, os pacientes com fadiga devem ter seus sintomas de depressão e sono abordados.

O uso de antidepressivos e ajustes na arquitetura do sono podem ser muito benéficos para a fadiga!

Mensagem final: A fadiga é um sintoma muito comum na doença de Parkinson, e pode interferir com a qualidade de vida e atividades dos pacientes. O sono, depressão, ansiedade devem sempre ser discutidos. A abordagem pode ajudar muito, portanto discuta com seu neurologista seus sintomas.

Fonte

Fatigue correlates with sleep disturbances in Parkinson disease. Cao RG et al. Chin Med J (Engl).

Artigo escrito pelo Dr. Rubens Gisbert Cury

Médico Neurologista especialista em doença de Parkinson, Tremor Essencial, Distonia, e Estimulação Cerebral Profunda (DBS, deep brain stimulation).

Esse post foi útil?

Clique nas estrelas

Média 0 / 5. Votos: 0

Seja o primeiro a avaliar este post.

Preencha o formulário e agende sua consulta

icon
Enviando...
icon

INFORMAÇÕES DO AUTOR:

Dr. Rubens Cury Neurologista especialista em doença de Parkinson e Tremores

Médico Neurologista especialista em doença de Parkinson, Tremor Essencial, Distonia, e Estimulação Cerebral Profunda (DBS, deep brain stimulation). Possui doutorado em Neurologia pela USP, pós-doutorado em Neurologia pela USP e Universidade de Grenoble, na França, e é Professor Livre-Docente pela USP.
Registro CRM-SP 131445

Dr. Rubens Cury Neurologista
Contato

Rua Cristiano Viana, 328, cj 201
Pinheiros - São Paulo/SP

Responsável Técnico
Dr. Rubens Gisbert Cury
CRM/SP 131445 - RQE 64840

© Copyright 2024 - Shantal Marketing

...