Estimulação Magnética Transcraniana na doença de Parkinson

Postado em: 25/08/2021

A Estimulação Magnética Transcraniana (conhecida como TMS) é uma técnica de estimulação cerebral não-invasiva que vem crescendo muito nos últimos anos na neurologia e na psiquiatria, e vem se mostrando promissora como tratamento para diversas doenças, incluindo a doença de Parkinson.

Como é feita a Estimulação Magnética Transcraniana?

O processo utiliza uma bobina, representada abaixo pela cor cinza.

É colocada uma touca no paciente e essa bobina é colocada sobre a touca. Dependendo dos sintomas a serem tratados, a posição da bobina pode variar. 

Por exemplo, na doença de Parkinson, o principal alvo é a região motora, que é estimulada conforme representado abaixo:

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A estimulação é indolor, e o paciente muitas vezes sente uma sensação local (estímulo) que é resultado da corrente magnética emitida pela bobina. 

As sessões têm em média de 15 a 20 minutos. O paciente fica relaxado e sentado em uma poltrona. Não há preparo específico, e logo em seguida o paciente pode retornar à sua casa.

Assim, dependendo dos sintomas tratados, fazemos diversas sessões em dias seguidos (5 a 10 sessões) e repetimos periodicamente (mensalmente, a cada 2-3 meses…). 

Para quais sintomas da doença de Parkinson a Estimulação Magnética Transcraniana é utilizada?

A eficácia da Estimulação Magnética Transcraniana vem sendo mostrada em diversos estudos clínicos em pacientes com Parkinson, tanto sobre os sintomas cognitivos, como em sintomas psiquiátricos e motores.

Sintomas Cognitivos

Os estudos mostram que o uso da estimulação não-invasiva (TMS) pode melhorar sintomas cognitivos de pacientes com Parkinson, em especial as funções executivas. 

Costumamos chamar de funções executivas: raciocínio lógico, resolução de problemas, concentração, atenção. Esses sintomas, que muitas vezes estão alterados no Parkinson, parecem melhorar com o TMS.

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Sintomas Psiquiátricos

Os estudos clínicos mostraram que o TMS pode amenizar os sintomas de depressão em pacientes com doença de Parkinson.

A depressão é um sintoma prevalente, que acomete até 40% das pessoas com Parkinson. Seu reconhecimento pelo médico é fundamental, pois o tratamento pode melhorar de forma significativa a qualidade de vida.

Além de terapia e antidepressivos, o TMS pode ser uma opção segura em alguns casos.

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Sintomas Motores

Aqui se encontra o principal uso e onde estão os maiores estudos do TMS na doença de Parkinson!

Atualmente tratamos Parkinson com medicações específicas, atividade física e, em alguns casos, cirurgia de estimulação cerebral profunda (DBS). A grande questão é que nem sempre esses tratamentos disponíveis são totalmente eficazes. 

Nesse contexto, o TMS vem sendo utilizado como terapia adjuvante, ou seja, como uma terapia complementar às terapias já existentes. 

Os estudos mostram que seu principal benefício é sobre a lentidão, que é um dos principais sintomas da doença. 

Após as sessões de TMS, há melhora nos movimentos das mãos, pés, e na marcha. Sim, os pacientes se sentem melhor para caminhar, mais soltos.

Sabemos que um dos maiores desafios do tratamento do paciente com Parkinson é sobre o congelamento da marcha (também conhecido como Freezing). 

Atualmente, temos uma linha de pesquisa no Hospital das Clínicas da USP sobre a aplicação do TMS da medula espinhal (a bobina é colocada sobre a coluna) e o congelamento (freezing). 

Inclusive publicamos o resultado do estudo inicial, que mostrou dados positivos e promissores:

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Quais os riscos da Estimulação Magnética Transcraniana?

Como discutido anteriormente, as sessões são práticas, duram alguns minutos e são indolores. Alguns pacientes podem sentir desconforto local, pois através da bobina sai a corrente magnética que estimula a região cerebral específica. Nesse caso, alteramos a energia e a configuração do aparelho. 

Há também relatos de dor de cabeça nos dias após o procedimento. Em casos raros, pode haver crise convulsiva. Por todos esses motivos, a aplicação deve ser guiada por profissional experiente. Na nossa prática, em pesquisas, o TMS se mostra bastante seguro.

Mensagem: A aplicação do TMS (Estimulação Magnética Transcraniana) é crescente nos últimos anos na Neurologia. Para a doença de Parkinson, há diversos estudos mostrando benefício sobre a cognição, depressão e lentidão. Além disso,  temos estudos sobre seus efeitos no freezing (que é o bloqueio ou congelamento da marcha). 

A terapia deve ser indicada por neurologista especialista em distúrbios do movimento, e aplicada por profissional experiente. Ela ainda é off-label, e é fundamental que o paciente e o familiar entendam a indicação, os possíveis benefícios e os potenciais riscos. Converse com seu médico!

Fonte

The Use of Non-invasive Stimulation in Movement Disorders: A Critical Review. Godeiro et al. Arq. Neuropsiquiatria.

Artigo escrito pelo Dr. Rubens Gisbert Cury

Médico Neurologista especialista em doença de Parkinson, Tremor Essencial, Distonia, e Estimulação Cerebral Profunda (DBS, deep brain stimulation).

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INFORMAÇÕES DO AUTOR:

Dr. Rubens Cury Neurologista especialista em doença de Parkinson e Tremores

Médico Neurologista especialista em doença de Parkinson, Tremor Essencial, Distonia, e Estimulação Cerebral Profunda (DBS, deep brain stimulation). Possui doutorado em Neurologia pela USP, pós-doutorado em Neurologia pela USP e Universidade de Grenoble, na França, e é Professor Livre-Docente pela USP.
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Dr. Rubens Cury Neurologista
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