O que provoca distonia?

Postado em: 23/11/2021

Distonia é uma alteração do movimento caracterizada por contrações musculares involuntárias, que acabam levando a movimentos e posturas anormais. Essa contração involuntária pode ocorrer em diversas partes do corpo, como na face, no pescoço, nos braços e nas pernas. 

A distonia pode acometer crianças ou adultos. Em crianças ela pode generalizar, ou seja, acometer diversos segmentos do corpo. Já nos adultos em geral ela é localizada, ficando restrita a apenas um local.

Os movimentos repetitivos de torção podem levar a dor muscular local e pode interferir em funções cotidianas, como caminhar, dormir, comer e falar. 

Por que a distonia acontece?

As distonias podem ser hereditárias ou adquiridas. 

Hereditárias: o pai ou a mãe transmitem um gene que leva a pessoa a ter distonia. Vários genes já foram descritos e podem ser inclusive testados em laboratórios específicos no Brasil.

Adquiridas: sabemos que algumas circunstâncias podem levar a pessoa a ter distonia, por exemplo: trauma craniano, acidente vascular cerebral (derrame), doença de Parkinson, esclerose múltipla, paralisia cerebral, uso de algumas medicações, etc…

Em suma: há diversas causas, genéticas ou não, que podem levar o neurologista a suspeitar de distonia. O diagnóstico é essencialmente clínico, mas algumas vezes exames de imagem (ressonância) ou eletromiografia podem ser necessários.

Quais os tipos de distonias?

Estas contrações podem acometer:

  • Pescoço;
  • Mãos;
  • Pés;
  • Olhos;
  • Boca;
  • Tronco.

Blefaroespasmo: Distonia que ocorre nos olhos. A pessoa tem contração excessiva dos músculos dos olhos, fazendo com que eles fechem de forma involuntária. Em situações de estresse, ou mesmo a exposição à luz do sol, há piora das contrações e às vezes a pessoa mal consegue enxergar. Geralmente acomete homens e mulheres em torno de 40 a 50 anos de idade.

Distonia cervical: Distonia que acomete o pescoço. A pessoa tem contração involuntária dos músculos do pescoço; como se fosse um torcicolo. A contração pode levar o pescoço pra frente, pra trás ou pros lados. Pode haver dor muscular associada. 

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Distonia da mão e câimbra do escrivão: Distonia que acomete os braços, e mais comumente as mãos. A mão flexiona, sem a pessoa querer. Isso ocorre geralmente quando ela vai fazer algum movimento, como pegar um copo, abotoar uma camisa, ou mesmo escrever. A distonia da escrita é conhecida como câimbra do escrivão. A pessoa tem que se esforçar mais para escrever, pois quando ela escrever os músculos da mão e do braço se contraem sem ela querer.

Distonia das pernas e pés: Distonia que acomete as pernas, e mais comumente os pés. Geralmente se inicia quando a pessoa está andando ela nota o pé entornar, no geral para dentro como na figura abaixo.

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Distonia do tronco: Distonia que acomete o tronco; faz com que a coluna fique contraída para frente, ou mesmo paro o lado. A família nota que a pessoa está “andando mais torta”.

Qual o tratamento para as distonias?

Primeira coisa: fazer o diagnóstico correto da distonia. Como ela no geral não é muito conhecida, o neurologista especialista precisa avaliar: o tipo de distonia e a causa.

Há uma causa genética? Há uma causa adquirida? Algum remédio pode estar causando a distonia? Alguma doença por trás da distonia pode ser a culpada? 

Após avaliação, o médico poderá indicar as melhores opções de tratamento.

Algumas indicações de tratamento são:

  • Uso de medicamentos, com o objetivo de atenuação das contrações;
  • Toxina botulínica: é o tratamento principal para a maioria das distonias;
  • Estimulação Magnética Transcraniana;
  • Estimulação cerebral profunda (DBS) em casos que não respondem à remédios ou à toxina botulínica;
  • Atividades físicas, reabilitação, fisioterapia.

A toxina botulínica é considerada o tratamento de escolha na maioria das distonias. 

O racional de aplicar toxina botulínica é que ela relaxa a musculatura. E como nas distonias o músculo está muito ativado, após a aplicação há melhora significativa dos sintomas.

Como é feito o seguimento?

Após a aplicação da toxina botulínica, em média, há um tempo de 7 a 14 dias para a toxina botulínica fazer efeito. O efeito dura em média 3 a 4 meses, quando uma nova aplicação é necessária.

Algumas vezes ajustamos as doses, os músculos aplicados, para melhorar nossos resultados. Isso é fundamental!

Finalmente, em casos mais graves, a Estimulação Cerebral Profunda ou DBS é uma opção.  A cirurgia para distonia pode estar indicada se a aplicação da Toxina Botulínica não for suficientemente capaz de aliviar os sintomas.

Em outras palavras: a cirurgia de DBS é indicada em pacientes com distonia que já tentaram tratamento com toxina botulínica, sendo que mesmo assim, permaneceram com importante comprometimento da função motora e da qualidade de vida.

O objetivo é a melhora da contração involuntária dos músculos, promovendo bem-estar e fazendo com que o paciente mantenha sua rotina habitual.

Artigo escrito pelo Dr. Rubens Gisbert Cury

Médico Neurologista especialista em doença de Parkinson, Tremor Essencial, Distonia, e Estimulação Cerebral Profunda (DBS, deep brain stimulation). Doutorado em Neurologia pela Universidade de São Paulo e Pós-doutorado em Neurologia pela Universidade de São Paulo e Universidade de Grenoble, na França.

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