O que é Distonia Cervical ou Torcicolo Espasmódico

Distonia Cervical ou Torcicolo Espasmódico é um movimento involuntário do pescoço, caracterizado por contrações musculares que fazem o pescoço virar ou girar para um lado, para frente ou para trás, levando a posturas anormais. 

Acomete geralmente adultos, tanto homens quanto mulheres. 

Costuma iniciar ao redor dos 40-50 anos de idade.

Primordialmente, a pessoa sente uma leve torção, contração do pescoço, como se fosse um torcicolo. Aos poucos os movimentos pioram, e a pessoa ou os familiares notam que a cabeça está “torta”.

Contudo, nem sempre as contrações são contínuas. No início, a contração pode aparecer de vez em quando, ao longo do dia. 

E com o passar das semanas/ meses ela fica constante.

Quais os principais tipos de Distonia Cervical?

Classificamos os tipos de Distonia Cervical dependendo do movimento preferencial do pescoço. A classificação adequada é fundamental, pois guia o tratamento. 

Os principais tipos são:

Torcicolo: O pescoço gira para um dos lados

Laterocolo: O pescoço vira para um dos lados

Anterocolo: O pescoço vai para frente

Retrocolo: O pescoço vai para trás

Qual a causa da Distonia Cervical?

As distonias cervicais ocorrem por um desbalanço no comando cerebral. É como se o comando para o músculo feito pelo cérebro estivesse equivocado, e o músculo contrai mesmo você não querendo!

Podemos fazer uma analogia: imaginem que em uma orquestra o maestro está dando os comandos errados para os músicos. O violonista segue esses comandos errados, e a música sai ruim.

Na distonia o maestro é o cérebro, e o violonista é o músculo! 

Portanto, o problema da distonia está no cérebro. Uma alteração nas células cerebrais faz com que os músculos do pescoço contraiam sem a pessoa querer.

Não se sabe ao certo o motivo disso ocorrer exatamente, pois na maioria das pessoas não há problema genético, não há trauma nem lesão cerebral. 

Tanto é verdade que os exames de ressonância do cérebro são normais nestes pacientes.

A Distonia Cervical surge ao redor dos 40-50 anos e na maioria dos casos não é um distúrbio genético e não há outros familiares acometidos. O problema está no comando enviado pelo cérebro aos músculos do pescoço.

Como é feito o diagnóstico da Distonia Cervical?

Em suma, o diagnóstico inicialmente se baseia em uma história detalhada feita pelo neurologista: Como os sintomas se iniciaram? Há outras partes do corpo acometidas? Houve exposição a alguma medicação? Há dor no pescoço? Há tremor no pescoço? Sim, a distonia muitas vezes faz o pescoço ficar tremendo (como se a pessoas fizesse “sim sim” ou “não não”).

A história é fundamental, pois muitos pacientes com Distonia Cervical apresentam dor no pescoço, e precisam ser tratados. Outros pacientes apresentam dificuldade em manter a cabeça reta, e isso atrapalha para dirigir, para ler, no trabalho, socialmente, etc..

Assim, além da história clínica, o exame de eletroneuromiografia pode ser necessário. Esse exame é realizado nos músculos do corpo com uma pequena agulha que irá detectar se há movimentos involuntários, quais músculos estão acometidos, e qual a intensidade.

Em alguns casos, exames de sangue e de imagem, como ressonância do cérebro, podem ser necessários.

O diagnóstico geralmente é feito por neurologista especialista em distúrbios do movimento, pois nem todo movimento anormal do pescoço é distonia. Por exemplo, pacientes com tremor essencial e ataxia podem ter tremor no pescoço.

Atenção:O diagnóstico geralmente é feito por neurologista especialista em distúrbios do movimento, pois nem todo movimento anormal do pescoço é distonia. Por exemplo, pacientes com tremor essencial e ataxia podem ter tremor no pescoço.

Como é feito o tratamento da Distonia?

Por fim, o objetivo do tratamento das distonias é se baseia no alívio das contrações musculares, revertendo os movimentos e as posturas anormais e a dor associada.

A toxina botulínica (popularmente conhecida como Botox) é considerada o tratamento de escolha na maioria das distonias cervicais. Algumas medicações também são tentadas, mas no geral não são muito efetivas.

O racional de aplicar toxina botulínica é lógico: ela relaxa a musculatura. E como nas distonias essa está muito ativada, após aplicação há melhora significativa dos sintomas.

Como é feita a aplicação?

Localizamos os principais músculos acometidos através do exame neurológico detalhado e, às vezes, dos dados da eletroneuromiografia.

A toxina é então aplicada nos músculos selecionados com uma agulha pequena. O procedimento é bem tolerado.

Em alguns casos podemos usar ultrassom para guiar a aplicação. Na imagem abaixo usamos o ultrassom para localizar as camadas dos músculos do pescoço:

Como é feito o seguimento?

Após a aplicação, em média, há um tempo de 7 a 14 dias para a toxina botulínica fazer efeito. O efeito dura em média 3-4 meses, quando uma nova aplicação é necessária.

Algumas vezes ajustamos as doses, os músculos aplicados, para melhorar nossos resultados. Isso é fundamental!

Finalmente, em casos mais graves, a Estimulação Cerebral Profunda ou DBS é uma opção.  

A cirurgia para distonia cervical pode estar indicada se a aplicação da Toxina Botulínica não for suficientemente capaz de aliviar os sintomas motores da Distonia, como contraturas musculares dolorosas e movimentos que possam estar gerando deformidades e incapacidade, dificultando suas atividades do dia a dia. 

Em outras palavras: a cirurgia de DBS é indicada em pacientes com distonia cervical que já tentaram tratamento com toxina botulínica, sendo que mesmo assim, permaneceram com importante comprometimento da função motora e da qualidade de vida.

Os detalhes sobre a cirurgia podem ser lidos aqui. 

Artigo escrito pelo Dr. Rubens Gisbert Cury

Médico Neurologista especialista em doença de Parkinson, Tremor Essencial, Distonia, e Estimulação Cerebral Profunda (DBS, deep brain stimulation).

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