O que é a toxina botulínica e quais são suas indicações terapêuticas?

Postado em: 18/11/2021

A toxina botulínica (popularmente conhecida como Botox) está comumente associada a procedimentos estéticos. No entanto, também possui fins terapêuticos e utilizamos bastante na neurologia. 

O que é a toxina botulínica?

A toxina botulínica é uma substância produzida pela bactéria Clostridium botulinum. 

Quando processada industrialmente, purificada e aplicada em pequenas doses, pode ser usada para fins estéticos e terapêuticos. Ela basicamente reduz a atividade muscular.

Ou seja, quando aplicada na testa, para rugas, ela reduz a contração do músculo frontal, e a pessoa fica com a testa mais lisa.

Na neurologia, utilizamos para reduzir a atividade de músculos muito ativos em determinadas doenças, conforme discutido a seguir: 

Usos terapêuticos da toxina botulínica

O mais comum deles é para o tratamento das distonias.

Distonia é uma alteração do movimento caracterizada por contrações musculares involuntárias, que acabam levando a movimentos e posturas anormais. Essa contração involuntária pode ocorrer em diversas partes do corpo, como a face, o pescoço, os braços e as pernas. 

A toxina botulínica é o principal tratamento para as distonias.

Alguns tipos de distonia que podem se beneficiar com a aplicação da toxina são:

  • Distonia que atingem o pescoço (distonia cervical);
  • Distonia da boca e língua (distonia oromandibular);
  • Distonia que acomete os músculos dos olhos;
  • Distonia que se manifesta ao escrever (cãibra do escrivão) ou distonias nas mãos;
  • Distonia que afeta metade do corpo (hemidistonia);
  • Distonia que afeta os pés, conforme mostrado abaixo:
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Além das distonias, também pode ser usada na doença de Parkinson, para tratar eventuais contrações nos pés, tremor ou excesso de saliva (sialorreia).

Nestes casos, a toxina é aplicada diretamente nas glândulas salivares de modo a reduzir a produção de saliva e melhorar os sintomas. Na prática utilizamos ultrassom para guiar a aplicação. 

Casos de enxaqueca também podem ser beneficiados com o uso da toxina botulínica, conforme apontam diversos estudos. 

O espasmo hemifacial é um distúrbio do movimento caracterizado pela contração involuntária repetitiva da musculatura unilateral da face. O Espasmo Hemifacial também acomete a região ao redor da boca. Ele sempre é de um lado do rosto apenas. 

A toxina botulínica para espasmo hemifacial é o tratamento de escolha; no geral ela alivia muito os sintomas e os pacientes ficam bem satisfeitos. São aplicados pontos ao redor do olho e, quando necessário, em volta da boca.

Como a toxina botulínica funciona no organismo?

A toxina botulínica atua na região de ligação entre o nervo e músculo, as aplicações tem como objetivo reduzir o excesso de contração muscular causado pela distonia. 

A injeção pode ser feita diretamente nos músculos afetados, impedindo a ação do neurotransmissor que estimula a contração, funcionando como uma bloqueadora. 

Assim, a contração muscular é interrompida e os espasmos musculares são interrompidos.

O resultado é a melhora nas contrações e na dor, promovendo bem-estar e qualidade de vida ao paciente. 

Principais características da toxina botulínica na neurologia:

  • Age localmente relaxando o músculo. Essa sua propriedade permite aliviar contrações e fazer com que o paciente realize tarefas que antes não conseguia; 
  • Tem efeito sustentado durando em média de 3 a 5 meses após a aplicação; 
  • Não tem efeitos colaterais típicos de muitas medicações, como tontura, náuseas, dor de cabeça e gastrite;
  • É muito menos complexa e invasiva que cirurgias.

 Mensagem final: a toxina botulínica é amplamente utilizada na neurologia para o tratamento das distonias, alguns sintomas do Parkinson, espasmo hemifacial e enxaqueca. Ele é uma opção segura, e deve ser indicada e aplicada por médico com experiência. Muitos planos de saúde fazem o reembolso da aplicação, pois muitas das indicações estão bem estabelecidas pela agência nacional de saúde (ANS).

Artigo escrito pelo Dr. Rubens Gisbert Cury

Médico Neurologista especialista em doença de Parkinson, Tremor Essencial, Distonia, e Estimulação Cerebral Profunda (DBS, deep brain stimulation). Doutorado em Neurologia pela Universidade de São Paulo e Pós-doutorado em Neurologia pela Universidade de São Paulo e Universidade de Grenoble, na França.

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INFORMAÇÕES DO AUTOR:

Dr. Rubens Cury Neurologista especialista em doença de Parkinson e Tremores

Médico Neurologista especialista em doença de Parkinson, Tremor Essencial, Distonia, e Estimulação Cerebral Profunda (DBS, deep brain stimulation). Possui doutorado em Neurologia pela USP, pós-doutorado em Neurologia pela USP e Universidade de Grenoble, na França, e é Professor Livre-Docente pela USP.
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