Entendendo os termos relacionados à doença de Parkinson – dicionário prático

Postado em: 15/03/2022
A doença de Parkinson apresenta alguns termos específicos relacionados à doença que são muito utilizados pelos médicos para explicar situações específicas que ocorrem ao longo da rotina do paciente. Sabemos que quando o paciente e o familiar entendem também esses termos, a comunicação médico-paciente fica muito melhor.
Outra importância de entender os termos é que a pessoa que tem Parkinson consegue explicar melhor ao médico o que está sentindo, já que dependemos muito da história contada pelo paciente para tomarmos a conduta correta.
Portanto, vamos resumir aqui os principais termos:
ON = Período em que a pessoa está bem, solta, sem lentidão; ela anda bem, está no geral contente e satisfeita.
OFF = Período em que a pessoa está lenta, com tremor, dificuldade de andar e de fazer tarefas cotidianas (como se trocar e realizar higiene pessoal). Obs: lembre-se que nem todo paciente com Parkinson tem tremor.
DISCINESIA = Movimentos involuntários, como se fosse uma dança. A pessoa fica balançando os braços, o pescoço e as pernas sem querer. Muitas vezes o paciente nem nota e quem observa são os familiares: “doutor, ele às vezes fica balançando o corpo quando está em pé, ele nem percebe…”. Às vezes a pessoa sem querer derruba objetos por causa dos movimentos. As discinesias vêm no pico do Prolopa ou do Parkidopa.
JANELA TERAPÊUTICA = Período do dia em que o paciente está em ON. Ou seja, se a pessoa está bem o dia todo, ela está na Janela Terapêutica o dia todo. Já em alguns casos, a pessoa está em alguns períodos do dia em OFF, ou seja, abaixo da janela terapêutica. Em outros casos, ela está acima da janela terapêutica, ou seja, com discinesia.
Clareando mais os termos…
ON significa que o remédio está legal, em um nível no sangue ótimo.
OFF significa que o nível está baixo.
DISCINESIA significa que o nível está alto.
JANELA TERAPÊUTICA é o momento em que o nível de remédios está ótimo, ou seja, em que a pessoa está em ON.
No início da doença, o paciente geralmente fica o dia todo na fase ON. É a chamada Fase de Lua de Mel do tratamento.

Com o passar dos anos, muitas vezes a dosagem fica “desregulada” e o paciente pode ter momentos do dia em que está com discinesias ou pode ter momentos em que fica mais em OFF. Isso ocorre porque a queda da produção de dopamina cerebral faz com que a Janela Terapêutica fique estreita.

Outros termos comumente empregados:
Bradicinesia = significa lentidão dos movimentos.
Flutuação motora = justamente para designar aqueles pacientes que flutuam ao longo do dia: ora estão bem, ora estão mais travados.
Freezing = termo utilizado para designar congelamento da marcha. Às vezes a pessoa com Parkinson está andando e de repente “trava” os pés no chão, como se congelasse os pés.
Wearing-off = Dizemos que uma pessoa tem wearing-off quando o seu remédio (em geral a levodopa, ou prolopa) está durando menos. “Doutor, antes meu remédio durava 4 horas, agora parece que ele dura apenas 3 horas e meia”. Isso é o wearing-off.
Sintomas não-motores = termo usado para designar sintomas além dos motores (tremor, lentidão, etc). Os principais sintomas não-motores são: redução do olfato, alteração do sono, fadiga, intestino preso, ansiedade, depressão, apatia, tonturas e aumento da frequência urinária à noite.
Em resumo, aprender os termos relacionados ao Parkinson ajudam o paciente a compreender melhor seus sintomas, a ser mais aderente à terapia, a contar melhor sua história ao médico, e, consequentemente, a melhorar o seu tratamento.
Artigo escrito pelo Dr. Rubens Gisbert Cury
Médico Neurologista especialista em doença de Parkinson, Tremor Essencial, Distonia, e Estimulação Cerebral Profunda (DBS, deep brain stimulation).

INFORMAÇÕES DO AUTOR:
Dr. Rubens Cury Neurologista especialista em doença de Parkinson e TremoresMédico Neurologista especialista em doença de Parkinson, Tremor Essencial, Distonia, e Estimulação
Cerebral Profunda (DBS, deep brain stimulation). Possui doutorado em Neurologia pela USP, pós-doutorado em
Neurologia pela USP e Universidade de Grenoble, na França, e é Professor Livre-Docente pela USP.
Registro
CRM-SP 131445