Estudo revela conexão entre solidão e risco de desenvolver Parkinson

Postado em: 17/11/2023

A solidão indesejada tem muitas consequências na vida das pessoas. Um estudo recente, intitulado Solidão e risco de doença de Parkinson, publicado em outubro de 2023 na revista JAMA Neurology, revela mais uma correlação com um distúrbio neurológico que até hoje ainda não possui cura: o Parkinson. Diversas pesquisas têm demonstrado que a falta de companhia é prejudicial à saúde, a ponto de, em alguns casos, aumentar o risco de desenvolver condições que aumentam o risco de mortalidade em cerca de 30%.

Estudo revela conexão entre solidão e risco de desenvolver Parkinson

Segundo Antonio Terracciano, geriatra da Universidade do Estado da Flórida e coordenador do estudo, a solidão é um sentimento angustiante. Ele acredita que, com o tempo, pode gerar estresse fisiológico no cérebro, principalmente em pessoas que apresentam outras vulnerabilidades. Até o momento, as consequências da solidão foram analisadas em outros aspectos da vida, como obesidade ou doenças cardiovasculares. Nenhuma pesquisa havia investigado a ligação com o Parkinson.

O cientista e sua equipe acompanharam 491.603 participantes de um biobanco no Reino Unido por 15 anos. Todos os participantes, com mais de 50 anos no início da pesquisa, responderam à mesma pergunta: “Você se sente sozinho com frequência?” As análises foram repetidas a cada cinco anos para identificar a relação temporal entre a solidão e o Parkinson. Os resultados indicam que as pessoas que responderam afirmativamente têm 37% mais chances de desenvolver a doença de Parkinson.

Essa correlação permanece mesmo quando são considerados fatores demográficos, como nível socioeconômico, hábitos de vida pouco saudáveis ou predisposição genética para outras doenças, afirma Terracciano, embora reconheça que algumas variáveis podem atenuar o resultado.

Na verdade, existem dois fatores que reduzem esta probabilidade, e os pesquisadores os identificam como possíveis pistas para compreender as causas dessa conexão. O estudo mostra que a solidão tem maior probabilidade de estar associada a um risco aumentado de Parkinson por meio de vias metabólicas, inflamatórias e neuroendócrinas. Isso é evidenciado pelo fato de que a correlação diminui em 13% ao levar em consideração condições crônicas, como o diabetes.

Porém, a variável que mais atenua a ligação entre a solidão e a doença de Parkinson é a saúde mental (24%). Evidências indicam que existem associações bidirecionais entre solidão e depressão, que tendem a ocorrer simultaneamente. Os resultados sugerem que o mesmo ocorre com o Parkinson, embora ainda não seja possível afirmar com certeza qual das duas condições ocorrem primeiro, afirma o geriatra.

A neurologista María José Martín destaca a irrelevância do gênero no desenvolvimento de Parkinson, apesar de mais mulheres relatarem solidão. A pesquisa não aponta uma maior propensão de mulheres em desenvolver Parkinson em relação aos homens.

Origens incertas

Os resultados da equipe da Flórida complementam outras evidências que destacam a solidão como determinante psicossocial da saúde, associado a um aumento do risco de morbilidade e mortalidade. Um estudo recente do Instituto de Neurociências de Nanchang, na China, alertou para um aumento de 23% no risco de demência relacionado à solidão. Além disso, uma pesquisa da Universidade da Flórida, utilizando a mesma medida de solidão deste estudo, revelou que o sentimento de solidão estava relacionado ao maior risco de doença de Alzheimer, demências vasculares e frontotemporais.

Apesar dos resultados, o estudo não fornece conclusões sobre as causas subjacentes a essa correlação, limitando-se a apresentar diferentes interpretações dos dados. Além da possível influência endócrina, os pesquisadores investigam a ideia de que indivíduos que experimentam solidão podem ter propensão a adotar comportamentos prejudiciais à saúde, como o sedentarismo.

Basicamente, o que este estudo sugere é que o estado emocional de uma pessoa pode influenciar na prevenção ou no retardamento da doença de Parkinson. Embora não forneça explicações sólidas sobre as razões, é prudente reconhecer que constitui um conselho bastante valioso para a população em geral.

Priorize sua saúde cerebral com o Dr. Rubens Cury, especialista em Parkinson, Tremor Essencial, Distonia e Estimulação Cerebral Profunda (DBS). Possui doutorado em Neurologia pela Universidade de São Paulo e pós-doutorado em Neurologia pela Universidade de São Paulo e Universidade de Grenoble, na França. Clique aqui e agende agora mesmo a sua consulta!

Leia também:

Afinal, como é feita a cirurgia para doença de Parkinson?

Esse post foi útil?

Clique nas estrelas

Média 0 / 5. Votos: 0

Seja o primeiro a avaliar este post.

Preencha o formulário e agende sua consulta

icon
Enviando...
icon

INFORMAÇÕES DO AUTOR:

Dr. Rubens Cury Neurologista especialista em doença de Parkinson e Tremores

Médico Neurologista especialista em doença de Parkinson, Tremor Essencial, Distonia, e Estimulação Cerebral Profunda (DBS, deep brain stimulation). Possui doutorado em Neurologia pela USP, pós-doutorado em Neurologia pela USP e Universidade de Grenoble, na França, e é Professor Livre-Docente pela USP.
Registro CRM-SP 131445

Dr. Rubens Cury Neurologista
Contato

Rua Cristiano Viana, 328, cj 201
Pinheiros - São Paulo/SP

Responsável Técnico
Dr. Rubens Gisbert Cury
CRM/SP 131445 - RQE 64840

© Copyright 2024 - Shantal Marketing

...