Quais alimentos reduzem a chance de doença de Parkinson?

Postado em: 23/10/2023

A adoção de padrões alimentares saudáveis com base em vegetais foi associada a um menor risco de desenvolver a doença de Parkinson (DP), especialmente entre os idosos, de acordo com um estudo em larga escala realizado no Reino Unido.

Uma maior ingestão de vegetais (brócolis, couve-flor, cenoura e folhas verdes), nozes e chá na alimentação regular está relacionada a um menor risco de Parkinson, conforme mostram os dados.

Parkinson

Os pesquisadores, no estudo intitulado Padrões dietéticos baseados em plantas e doença de Parkinson: uma análise prospectiva do Biobanco do Reino Unido, publicado em agosto deste ano na revista Movement Disorders, destacaram a importância desses resultados na melhoria e orientação de mensagens de saúde pública que promovem dietas à base de vegetais. Isso oferece evidências sólidas de que uma simples alteração na alimentação tem o potencial de reduzir o risco do Parkinson.

Sabe-se que as dietas à base de vegetais reduzem o risco de várias doenças crónicas, incluindo problemas cardíacos, diabetes e certos tipos de cancro. Isso se deve provavelmente aos altos níveis de nutrientes, fibras e antioxidantes encontrados nos alimentos vegetais, bem como à redução dos níveis de gordura saturada.

Ainda sabemos pouco sobre a relação entre dietas à base de vegetais e a doença de Parkinson, que é caracterizada por tremores, rigidez muscular e dificuldades de movimento. No entanto, a identificação de fatores de risco modificáveis para o Parkinson, como fatores dietéticos e de estilo de vida, pode abrir novas perspectivas para a prevenção primária dessa condição.

A equipe utilizou dados do UK Biobank, um amplo estudo de longo prazo no Reino Unido que investiga a influência entre genética e ambiente no desenvolvimento de doenças. Entre os mais de 500 mil participantes da pesquisa, 126.283 indivíduos (55,9% mulheres) foram incluídos nesta análise. Ao longo de um período de 11,8 anos de acompanhamento, 577 participantes receberam o diagnóstico de Parkinson.

Por meio do questionário dietético Oxford WebQ, os participantes responderam a perguntas sobre o consumo – frequência e quantidade – de cerca de 200 alimentos e 30 bebidas durante 24 horas. 

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Alimentos incluídos nas categorias saudáveis e não saudáveis​

Alimentos vegetais saudáveis ​​incluíam grãos integrais, frutas, vegetais, nozes, legumes, alternativas proteicas, chá e café. Alimentos vegetais não saudáveis ​​envolviam sucos de frutas, grãos refinados, batatas, bebidas à base de açúcar, doces e sobremesas. A categoria de alimentos de origem animal abrangia gordura animal, laticínios, ovos, peixes ou frutos do mar, carne e outros alimentos de origem animal.

Os pesquisadores dividiram as dietas em três categorias com base em 17 grupos de alimentos: um índice geral de dieta baseada em vegetais (PDI), um índice de dieta à base de vegetais saudáveis (hPDI) e um índice de dieta não saudável à base de vegetais (uPDI).

Pontuações mais altas de PDI refletiram uma dieta rica em alimentos vegetais, valores elevados de hPDI indicaram uma dieta com alimentos vegetais mais saudáveis, enquanto pontuações mais altas de uPDI foram associadas a dietas não saudáveis ​​à base de vegetais. Todas as dietas refletiram uma menor ingestão de alimentos de origem animal, de acordo com a equipe de pesquisa.

Resultados

Durante um acompanhamento de 11,8 anos, 577 casos de Parkinson foram registrados. Após ajustar para vários fatores, descobrimos que as pessoas que seguiram uma dieta à base de plantas saudáveis, especialmente incluindo vegetais, nozes e chá, tiveram um risco menor de desenvolver Parkinson (22% e 18% de risco menor, respectivamente). Por outro lado, aqueles que seguiram uma dieta à base de plantas menos saudável tiveram um risco 38% maior de Parkinson. Quando analisamos alimentos específicos, descobrimos que comer mais vegetais, nozes e beber chá reduz o risco de Parkinson (28%, 31% e 25% de risco menor, respectivamente). Essa relação se mostrou mais significativa em pessoas com menor predisposição genética para o Parkinson.

Conclusão

Adotar uma dieta à base de plantas saudáveis e, principalmente, incluir vegetais, nozes e chá em sua alimentação diária está ligado a um menor risco de desenvolver a doença de Parkinson. Essas descobertas fornecem informações valiosas sobre como a dieta pode afetar nossa saúde.

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INFORMAÇÕES DO AUTOR:

Dr. Rubens Cury Neurologista especialista em doença de Parkinson e Tremores

Médico Neurologista especialista em doença de Parkinson, Tremor Essencial, Distonia, e Estimulação Cerebral Profunda (DBS, deep brain stimulation). Possui doutorado em Neurologia pela USP, pós-doutorado em Neurologia pela USP e Universidade de Grenoble, na França, e é Professor Livre-Docente pela USP.
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