Artrite reumatoide e Parkinson: a surpreendente conexão entre as doenças

Postado em: 16/10/2023

Nova pesquisa indica que pacientes com artrite reumatoide, uma condição inflamatória crônica e autoimune que afeta as articulações, têm um risco quase duas vezes maior de desenvolver a doença de Parkinson (DP).

No estudo Artrite reumatoide e risco de doença de Parkinson na Coreia, a análise de dados de 55.000 pacientes com artrite reumatoide (AR) e 273.000 controles, pareados por idade e sexo, mostrou que a probabilidade de receber o diagnóstico de Parkinson foi 1,74 vez maior para o grupo com artrite reumatoide. Esses resultados foram publicados online no periódico JAMA Neurology, em de maio deste ano.

A pesquisa liderada pelo Dr. Hyungjin Kim, Ph.D., destacou a importância de que pacientes com artrite reumatoide, que apresentarem sinais como rigidez muscular, tremores ou movimentos lentos, passem por avaliação de um neurologista especializado para descartar a possibilidade de desenvolver a doença de Parkinson.

O Dr. Hyungjin é médico e professor associado do departamento de humanidades médicas da Faculdade de Medicina da Universidade Sungkyunkwan, na Coréia.

Neste vídeo, o Dr. Rubens Cury ajuda a esclarecer a conexão entre artrite reumatoide e Parkinson. Clique para assistir!

Artrite reumatoide e parkinson

Achados conflitantes

Os pesquisadores observaram que vários estudos já investigaram a relação entre essas duas doenças, mas apresentaram conflitantes. Surpreendentemente, um deles indicou até uma redução de 35% no risco de Parkinson para indivíduos com artrite reumatoide. No entanto, um estudo populacional mais recente, realizado em Taiwan, mostrou um aumento de 37% no risco da DP para pacientes com condições reumatológicas. Vale ressaltar que pesquisas anteriores não controlaram variáveis importantes, como índice de massa corporal ou diabetes mellitus.

Neste estudo, os pesquisadores analisaram os registros de cerca de 55.000 pacientes diagnosticados com artrite reumatoide entre 2010 e 2017, com acompanhamento até 2019, e compararam esses resultados com os de 273.000 controles. A idade média dos participantes era de 58 anos, com 75% sendo do sexo feminino.

Os resultados revelaram que os pacientes diagnosticados com artrite reumatoide soropositiva tinham quase o dobro de chances de receberem o diagnóstico de doença de Parkinson em comparação com os controles. No caso dos pacientes com artrite reumatoide soronegativa, o aumento foi de 1,2 vezes.

Segundo o Dr. Hyungjin, embora não saibamos ao certo como a artrite reumatoide e o Parkinson se relacionam, a inflamação parece ter um papel importante. As citocinas inflamatórias, como o fator de necrose tumoral alfa e a interleucina-6, que são mais altas em pacientes com artrite, podem ativar as células microgliais, levando à neuroinflamação.

É conhecido que essas citocinas inflamatórias estão ligadas a problemas e à perda de neurônios que produzem dopamina, que desempenham um papel fundamental na origem da doença de Parkinson.

Os pesquisadores observaram que os pacientes com artrite reumatoide podem ter passado por mais consultas médicas do que os controles, o que também pode aumentar a probabilidade de receber o diagnóstico de doença de Parkinson.

Outra possibilidade é que, como a análise incluiu pacientes que faziam exames médicos de rotina, os resultados podem ter sido influenciados pela presença de pessoas mais idosas e com maior poder econômico.

O Dr. Hyungjin ressaltou que é necessário realizar mais pesquisas para esclarecer a conexão patogênica entre a artrite reumatoide e a doença de Parkinson. Além disso, é preciso de mais pesquisas para entender como os novos tratamentos para artrite reumatoide podem afetar o risco de desenvolver doença de Parkinson, como enfatizou o pesquisador.

Se você está enfrentando sintomas motores, como tremores, rigidez muscular ou movimentos lentos, não ignore! Agende uma consulta hoje mesmo com o Dr. Rubens Cury, médico neurologista especialista em Parkinson, Tremor Essencial, Distonia e Estimulação Cerebral Profunda (DBS). Possui doutorado em Neurologia pela Universidade de São Paulo e pós-doutorado em Neurologia pela Universidade de São Paulo e Universidade de Grenoble, na França. 

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INFORMAÇÕES DO AUTOR:

Dr. Rubens Cury Neurologista especialista em doença de Parkinson e Tremores

Médico Neurologista especialista em doença de Parkinson, Tremor Essencial, Distonia, e Estimulação Cerebral Profunda (DBS, deep brain stimulation). Possui doutorado em Neurologia pela USP, pós-doutorado em Neurologia pela USP e Universidade de Grenoble, na França, e é Professor Livre-Docente pela USP.
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