Atividade física pode reduzir risco de Parkinson em mulheres
Postado em: 12/06/2023
Fazer exercícios físicos regularmente, como andar de bicicleta, caminhar, praticar esportes, cuidar do jardim e até fazer limpeza diminui o risco de que as mulheres desenvolvam a doença de Parkinson.
As mulheres que mais se exercitaram tiveram uma taxa 25% menor de ter Parkinson do que aquelas que fizeram menos atividade física.
Um estudo publicado na revista científica Neurology não prova que o exercício reduz o risco de desenvolver a doença de Parkinson, mas mostra uma associação significativa.
O pesquisador Alexis Elbaz, do Centro de Pesquisas Inserm (França), declarou que o exercício é uma forma de baixo custo para melhorar a saúde em geral e que o estudo determinou se ele pode estar ligado a um menor risco de desenvolver a doença de Parkinson, uma enfermidade debilitante que não tem cura. De acordo com o cientista, os resultados forneceram evidências para o planejamento de intervenções para prevenir o Parkinson.
O artigo incluiu 95.354 participantes do sexo feminino, com idade média de 49 anos, que não tinham Parkinson no início do estudo. Elas foram acompanhadas por três décadas, durante as quais 1.074 desenvolveram Parkinson.
Equivalente metabólico de tarefa
Os pesquisadores atribuíram a cada atividade uma pontuação com base em uma métrica, chamada equivalente metabólico de tarefa (EMTs), uma forma de quantificar o gasto de energia. Para cada atividade, os EMTs foram multiplicados por sua frequência e duração para obter uma pontuação de atividade física de EMTs-horas por semana.
Uma forma mais intensa de exercício, como andar de bicicleta, alcançou seis EMTs, enquanto formas menos intensas de atividade física, como caminhar e limpar, valiam três EMTs. O nível médio de atividade das participantes era de 45 EMTs-horas por semana no início do estudo.
As participantes foram divididas em quatro grupos iguais de pouco mais de 24.000 pessoas cada. No início do estudo, aquelas no grupo com notas mais altas tinham uma pontuação média de atividade física de 71 EMTs-horas por semana. As no grupo mais baixo tinham uma pontuação média de 27 EMTs-horas por semana.
Entre as participantes do grupo de exercícios mais intensos, houve 246 casos de doença de Parkinson, ou 0,55 caso por 1 mil pessoas-ano, em comparação com 286 casos, ou 0,73 por 1 mil pessoas-ano, entre as participantes do grupo de menos exercícios – pessoas-anos representa o número de pessoas no estudo e a quantidade de tempo que cada pessoa gasta no estudo.
Depois de ajustar fatores como local de residência, idade da primeira menstruação, status da menopausa e tabagismo, os pesquisadores descobriram que aquelas no grupo de maior exercício tinham uma taxa 25% menor de desenvolver a doença de Parkinson do que aquelas no grupo de menor exercício, quando a atividade física era avaliada até 10 anos antes do diagnóstico. Os resultados foram semelhantes quando os ajustes foram feitos para dieta ou condições médicas, como pressão alta, diabetes e doenças cardiovasculares.
Exercício protetor
Os pesquisadores também descobriram que, 10 anos antes do diagnóstico, as participantes que tiveram Parkinson apresentaram uma redução da atividade física em um ritmo mais rápido do que aquelas sem o diagnóstico, provavelmente devido aos primeiros sintomas da doença.
De acordo com Elbaz, não apenas descobrimos que as participantes do sexo feminino que mais se exercitam têm uma taxa menor de desenvolvimento da doença de Parkinson, mas também mostramos que os primeiros sintomas da doença neurológica provavelmente não explicariam essas descobertas e, em vez disso, o exercício é benéfico e pode ajudar a retardar ou prevenir esta patologia. “Nossos resultados apoiam a criação de programas de exercícios para ajudar a diminuir o risco do Parkinson”, finalizou o cientista.
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INFORMAÇÕES DO AUTOR:
Dr. Rubens Cury Neurologista especialista em doença de Parkinson e TremoresMédico Neurologista especialista em doença de Parkinson, Tremor Essencial, Distonia, e Estimulação Cerebral Profunda (DBS, deep brain stimulation). Possui doutorado em Neurologia pela USP, pós-doutorado em Neurologia pela USP e Universidade de Grenoble, na França, e é Professor Livre-Docente pela USP.
Registro CRM-SP 131445